terça-feira, 8 de novembro de 2011

"Este rapaz não vai dar nadinha"

António José Seguro deixou o país suspenso durante semanas enquanto agonizava em dúvidas e hesitações sobre o orçamento mais à direita da história da democracia portuguesa. No final de tanta angústia, o General saiu decidido do seu labirinto e anunciou: abstemo-nos. Mas temos condições. E se essas condições não forem cumpridas… abstemo-nos à mesma.

O PS subscreveu o memorando da Troika e continua a tentar convencer os portugueses de que se o PEC IV tivesse sido aprovado, estaríamos salvos. Mas mesmo para quem ainda se consegue manter nesta posição quando as consequências da austeridade devastam a Europa, a viabilização do orçamento é incompreensível. O PS fez a sua campanha em torno da austeridade “soft” em que o Estado Social, os direitos de trabalho seriam protegidos. Serão protegidos agora?

A aposta de António José Seguro é evidente: no meio da tragédia, conseguir qualquer coisa que possa apresentar aos portugueses como a conquista do PS e, com isso, fazer prova da sua relevância e ganhar capital político. E se conseguir alguma coisa, essa estratégia será bem sucedida. No curto prazo, bem entendido. O PS viabilizará um desastre para o país acenando com alguma medida resgatada por entre os escombros. Uma estratégia tão oportunista como míope.

Tudo isto são más notícias para toda a esquerda. É hoje muito claro que esta política (e não apenas este Governo) só poderá ser derrotada com uma enorme mobilização popular. Um PS colado à Direita mais fanática que este país já conheceu até pode abrir espaço para que outros possam crescer à sua esquerda. Mas fragiliza toda a esquerda social e política naquela que é provavelmente a mais importante luta que tem pela frente desde há muitas décadas.

É por isso que quem quer ser “violento” contra esta política, tem um caminho simples. Rejeitá-la, no Parlamento e na rua. Nem precisa de ser uma “rejeição violenta”. Basta que seja coerente e consequente. Mas esta pode ser uma exigência excessiva para quem a coerência é uma batata e a palavra dada um verbo de encher.

7 comentários:

  1. São todos iguais...pobreza de ideias e ideais...!
    Sinto uma aversão muito grande não só aos políticos portugueses mas a todos os europeus.

    Somos um país pobre, salários mais baixos de toda a Europa em contrapartida os nossos políticos são os mais bem pagos....

    Neste país de miséria aos ricos não faz diferença um subsídio, mas aos pobres faz toda a diferença dez euros....

    Querem acabar com os hospitais, as escolas, as estradas e com a administração central e local.

    Acabem antes com os países e façamos todos uma única nação...

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  2. O PS está a fazer uma figura muitíssimo triste.

    Além de que um PS que alinha cegamente com o PSD é absolutamente inútil.

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  3. Inteiramente de acordo, caro Carlos Albuquerque, "um PS que alinha cegamente com o PSD é absolutamente inútil"...
    A ideia certa, para "isto" continuar tudo a "funcionar bem", era o PS votar que não, agora que, de qualquer modo, o PSD e o PP têm a maioria absoluta, pelo que o PS é aritmeticamente irrelevante.
    Dessa forma, votando contra, lavava muito melhor a cara face à sua esquerda, e podíamos todos continuar a fazer de conta de que havia diferenças substanciais entre o PS e o PSD-PP, de que a "alternância" dos "rotativos" era qualquer coisa de remotamente relevante, tenderíamos a esquecer-nos de que são todos eles
    não mais do que avatares da Troika, continuaríamos a imaginar que há entre nós eleições a sério, etc.
    A prazo, é claro, isso seria até muito mais... "seguro", do ponto de vista do funcionamento global do "sistema".
    Mas, na verdade, nem essas pequenas ilusões de auto-consolo nos deixam. Sinceramente, não nos poupam mesmo a nada. É o que se diz "acrescentar insulto à injúria"...
    Mas, por outro lado, caro José Gusmão, se isto tudo "até pode abrir espaço para que outros possam crescer à sua esquerda" (do PS), bom... porque será que não deixam de se carpir e tratam de arregaçar as mangas, isto é, porque é que não aproveitam e crescem mesmo?
    Será porque o problema da ideia tolinha e otária (desculpa lá, Luís Coelho, mas é a verdade) de "acabarmos antes com os países e fazermos todos uma única nação" - na verdade, de acabarmos enquanto países democráticos e independentes e nos auto-colonizarmos colectivamente entregando todos o poder à comissão de condóminos não eleita - estendeu já metástases demasiado longínquas e não há, de facto, nada mais a fazer senão voltar a fechar o paciente e administrar-lhe morfina?...

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  4. Os políticos pura e simplesmente não nos respeitam.Portanto tem que começar a ter medo.E para isso é necessário porrada e caos e matanças se for preciso.

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  5. Claro que o vosso politicamente correcto não fará que o comentário seja visível.

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  6. O AJS é demasiado soft basta atentarmos no facto de que nunca importunou as espalhafatices do Socrates, como é que agora poderia ser alguma coisa, foi um erro ter sido eleito para secretário geral aproveitou-se do rancor ao anterior mas isso só não chega tanto que ao não votar contra o OE encostou-se ostensivamente á direita... é um caso perdido!

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  7. A abstenção de Seguro, é o reflexo do colectivo do PS.

    Houve gente até, próxima de Sócrates, que votou contra o orçamento.

    No entanto até se entende esta posição, porque assinaram a troika.

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