Silva Lopes deixa-se tentar, apesar da sua experiência, pelo moralismo das finanças públicas dominante: precisamos de penalizar os «políticos» que furem os objectivos orçamentais, retirando-lhes direitos por um período. Como se este fosse o problema. Por que é que não se fala antes das consequências danosas da privatização de muita actividade política, da sua captura por um certo poder económico, em especial o financeiro? Por que é que não se fala também da futura capitalização, à custa de todos, dos bancos sem qualquer controlo público associado? De resto, como Silva Lopes no fundo sabe, o essencial dos furos nas finanças públicas resultou da crise gerada pela finança de mercado e é aprofundado pelo círculo vicioso de uma austeridade que foi por si apoiada. O populismo só serve para desviar as atenções do grande problema que está à nossa frente, para distrair do desastre em curso e da ideologia que o está a gerar.
Como este artigo de três economistas pós-keynesianos alemães, baseado na abordagem dos balanços financeiros sectoriais, nos indica, a soma dos saldos dos sectores externo, público e privado, os três sectores em que se pode dividir uma economia, é sempre igual a zero e num contexto de crise, como a que se inicia em 2008, com o saldo do sector externo mais ou menos constante, é evidente que o esforço dos privados para reequilibrar os seus balanços, com cortes no consumo e no investimento, gerou inevitavelmente um aumento do défice público. Inevitavelmente. O défice é uma variável endógena, para usar a formulação de um Cavaco que decidiu, por uma vez, ser rigoroso. A estratégia oficial é agora a de corrigir apressadamente o saldo negativo do sector público, ao mesmo tempo que os privados continuarão a comprimir despesas, apostando tudo no milagre das exportações, que corrigiria o saldo externo desfavorável. Isto está condenado ao fracasso até porque os países não podem exportar para Marte. Algo vai ter de ceder: será também uma política democrática cada vez mais esvaziada, cada vez mais erodida pelo capital financeiro?
"o essencial dos furos nas finanças públicas resultou da crise gerada pela finança de mercado"
ResponderEliminarEm Portugal?
E pensar que o Silva Lopes é um dos ortodoxos mais moderados...
ResponderEliminarCarlos,
ResponderEliminarem portugal, o essencial dos furos nas finanças públicas resultou da promiscuidade público-privada alimentada pelos governos PS(D) q se sucederam desde a última vez q recebemos um empréstimo do FMI, tendo sido agravada pela crise financeira e os ataques especulativos q se lhe seguiram, e continuando a agravar-se agora com a austeridade.
convém só acrescentar q, em momento algum, nem a UE, nem o próprio governo português, se bateram por um conjunto de soluções eficazes de combate e prevenção da onda de choque da crise financeira de 2008, mas tão só e apenas, por medidas q permitissem q as entidades q sustentam o próprio sistema financeiro q causou a crise sobrevivessem. e até isto fizeram mal, pois não é claro sequer q os bancos alemães sobrevivam à bancarota grega (qnt mais os outros bancos europeus).. aguardamos a qualquer momento o "swap me baby, one more time" (como é q isto se dirá em alemão?)
F.
Mas o Silva Lopes ainda está vivo.?
ResponderEliminarEle mais parece um zombie.?
Além disso bom seria que tivesse um bocado de vergonha na cara.
É que ele está sempre a pedir sacrificios e mais sacrificios mas ele, pelo seu lado, lá vai sacando aqui e ali para aumentar o seu peculio.
É bom ser um dos chamados "bons" economista (tipo Borges, Salgueiro, Macedo e outros) com lugar cativo nas TVs para divulgar a cassete.