quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Das previsões económicas

Vale a pena comparar as previsões económicas do governo português de Março de 2011 e as que agora foram anunciadas. Claro que já ninguém se lembra de quais eram as previsões para os próximos 4 anos há 5 meses, mas vale a pena observar as diferenças abismais entre os dois quadros de previsão e tirar algumas ilações. A mais importante é claramente não levar estas previsões, sobretudo quando implicam um longo período temporal, a sério. Há 5 meses, previa-se crescimento económico para o próximo ano e uma taxa de desemprego correspondente de 10,8%. Agora, prevê-se a continuação da recessão e desemprego de 13%, fruto da austeridade acrescida imposta pela troika e que este governo pretende ultrapassar.

Interessante também é darmo-nos conta de uma radical diferença entre os dois cenários. O mais recente, na ânsia de compensar os efeitos recessivos da austeridade, coloca as exportações a crescer a mais de 6% durante os próximos anos, bastante mais do que o cenário de Março. Assim, ainda que admitindo a profunda recessão que atravessamos, o governo consegue umas previsões mais optimistas para os anos 2013-2015 no que toca ao crescimento económico. No entanto, nos últimos meses, as perspectivas para a economia mundial deterioraram-se fortemente, algo que o próprio documento admite. No ministério das finanças, ou acreditam em milagres, ou tomam-nos por parvos...

Previsões de Março de 2011:

Previsões de Agosto de 2011:

9 comentários:

  1. Como sabe tomam-nos por parvos, queria dar-lhe os parabéns pela lembrança porque estamos tão habituados a não confrontar o que foi dito "ontem" com a realidade do "hoje" que até nos passa ao lado. O mais perverso disto tudo é a justificação do sofrimento baseado em documentos de propaganda isso sim é inaceitável e abjecto.

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  2. Por Partes

    Vale a pena comparar as previsões económicas do governo português de Março de 2011 e as que agora foram anunciadas.

    Para quê?
    O ano agrícola foi ligeiramente melhor que o de 2010 a nível mundial, mas há 7000 milhões de razões que tornam as previsões cada vez menos fiáveis.(.afinal)


    Claro que já ninguém se lembra de quais eram as previsões para os próximos 4 anos há 5 meses...lembro tenho óptima memória para números


    mas vale a pena observar as diferenças abismais colossais

    é a megalomania do abyssus abyssum invocat
    ou abyssum abyssus invocat ?


    e tirar algumas ilações....mas aparentemente só uma
    A mais importante é claramente não levar estas previsões, sobretudo quando implicam um longo período temporal, a sério.

    isto não é uma ilação
    é quanto muito um desabafo...


    Há 5 meses, previa-se crescimento económico para o próximo ano e uma taxa de desemprego correspondente de 10,8%. Obviamente como todos sabiam era só para o papel

    a(s) crise(s) sucessivas que avançaram desde 2006 irão durar além de 2016



    Interessante também é darmo-nos conta de uma radical diferença entre os dois cenários....bla bla bla tens formação económica ou só o canudo?

    ou tomam-nos por parvos...eu não faço diagnósticos

    diria mais iludidos ....

    os simples?
    (Guerra Junqueiro)

    Vítimas da Simplificação
    (Walter Miller Jr.)

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  3. não dou parabéns a gestores de falências

    são mais parasitas que os governos que os geram

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  4. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  6. Faltaram as respostas aos 3 pontos1 de setembro de 2011 às 23:40

    indefensáveis não era?

    goodbye

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  7. Caro Nuno
    Faz bem em sublinhar o elemento "singular" que é o fantástico crescimento previsto para as exportações.
    Há muito de "paninhos quentes" ou "white lies" nisso, é óbvio.
    Há também alguma analogia com as terapias previstas para combater os défices orçamentais, nas quais se insiste sempre em "cortar" nas depesas públicas, mas assumindo-se que as receitas se aguentam (o que é rotundamente falso, obviamente, mas isso é cuidadosamente omitido).
    Aqui voltamos a "contar com o ovo" onde se sabe... de novo para nos iludirmos colectivamente. Ou sermos iludidos...
    E isso é importante: sermos iludidos. Com quem comerciam os países europeus sobretudo? Resposta: com outros países europeus. É assim possível prometer-lhe a todos o tal crescimento das exportações, com as importações de cada um deles a encolherem ao mesmo tempo? Resposta: claro que não!
    Mas, por outro lado, se eu fizer isto não com Todos os europeus ao mesmo tempo, mas com Cada Um à vez... Está a ver, não é?
    É impossível, diz-se, enganar toda a gente ao mesmo tempo...
    Bom, seja. Mas talvez não seja impossível ir enganando cada um à vez, tomado separadamente...
    Pelo menos, vale decerto a pena tentar (do ponto de vista da elites "europeias", that is...)

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  8. Deveriam ter incluído a fonte no que diz respeito às previsões económicas. Seria uma informação com algum interesse, apesar de que dado o grafismo das tabelas me pareça BdP.

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  9. Caro PP,

    Se reparar coloquei os "links" para os documentos donde retirei as tabelas.

    nuno teles

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