domingo, 28 de agosto de 2011

Razões para futuras nacionalizações

A indignidade das privatizações de sectores estratégicos não começou agora, embora vá entrar numa fase particularmente sórdida que mais não seja porque o contraste com a socialização de prejuízos do sector financeiro só vai escapar aos desatentos, aos que insistem em usar palas ideológicas neoliberais. Não é o caso de Manuel Pinho no Expresso de ontem:

“É uma indignidade Portugal vender a pataco as empresas do sector energético e parte do sector das águas. A venda ao desbarato da ADP, Galp, REN e EDP não vai criar mais concorrência, nem resolver qualquer problema financeiro. Trata-se de uma decisão errada por razões de fundo e conjunturais. Por razões de fundo, porque no mundo inteiro 95% dos recursos hídricos mundiais não são geridos por privados e não há país em que o Estado ou interesses nacionais não tenham grande influência no sector da energia. Não é preciso muita imaginação para ver os cenários dantescos que a médio prazo podem resultar por o Estado sair de sectores que têm uma importância estratégica. Por razões conjunturais, porque não passa pela cabeça de ninguém vender as jóias da coroa quando os mercados estão pelas ruas da amargura. Ninguém acreditaria se lhe dissessem que Berlusconi ia vender ao desbarato a Eni, Sarkozy a EDF ou Dilma Rousseff a Petrobras, pois não? Ao contrário do que alguns pensam, Portugal não está a fazer figura de bom aluno, está a fazer a figura do aluno que aceita que lhe coloquem orelhas de burro e, ainda por cima, parece gostar de se exibir com elas em público.”

5 comentários:

  1. Agora é tarde para lamentações. Não me parece que tenha alguma vez havido acordo com a Troika, antes uma imposição que os “bons alunos” assinaram sem regateio.

    Aqueles que sempre defenderam a preservação dos sectores estratégicos (Água e Energia) como bens públicos, ou melhor, maioritariamente públicos, foram sempre rotulados de esquerdistas, mostrando assim como continua latente o preconceito que foi inculcado na sociedade portuguesa. E o burro, que acreditou cegamente na liberalização dos mercados, acabou por alienar também o pouco que lhe restava da sua soberania.

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  2. E tudo isto no quadro, como se diz, dos "compromissos europeus"...
    "Se o Dantas é português, escreveu em tempos o Almada Negreiros, eu quero ser espanhol".
    Pelo que me toca, às vezes penso que quero ser sul-americano ou africano (deve ser a minha costela "jangada de pedra"), mas há outras em que, mais radicalmente, só mesmo a emergência das "hordas asiáticas" me dá motivos para satisfação.
    Vejam aqui, se querem ficar mais animados, o que o Mark Weisbrot escreve acerca da emergência da China. Há muita gente na esquerda portuguesa que, segundo me parece, podia aprender bastante com ele...
    http://www.guardian.co.uk/commentisfree/cifamerica/2011/apr/27/china-imf-economy-2016

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  3. A REN ou a EDp já não são do estado

    são dos accionistas...as águas de Portugal também não são do estado, são da camarilha que as domina

    tal como as estradas de Portugal...

    temer a entrada de capital
    quando há uns anos todos queriam neo colonialismos económicos no Brasil e alhures?

    temos que internacionalizar

    agora é mais temos que guardar os anéis velhos porque podem levar-nos a água toda...

    a água é um recurso nacional
    pois é na sua maioria de aquíferos

    logo não pode ser constituida propriedade privativa de nenhuma alma

    já a sua extração e distribuição deveria ser tornada mais eficiente

    isto porque afundar 14 centímetros por sobre-exploração do aquífero do Tejo além de dar cabo de estruturas viárias no longo prazo

    é es...

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  4. Tanto as ADP como o INAG deviam ter sido privatizados há anos...

    assim são apenas coitos de piratas e imbecis...

    a iágua qu'inda dá pra uns 400 anos debia ó menos ser um niquito menos poluída e nalguns casos com menos sulfato de alumínio

    mas é público usa-se o dito cujo à vontade em vez de cobrar preços realistas para quem consome 100 ou 500 m3 ao dia...sem criar nenhum valor com esse bem 14 cm mais escasso (uns 3 km cúbicos a menos só nos últimos tempos...

    são 3.000.000.000 m3 é muita iágua
    púbica...

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