«As árvores grandes precisam ser cortadas em etapas. (...) A abertura da "boca" é um corte horizontal no tronco (...) até atingir cerca de um terço do diâmetro da árvore. (...) Em seguida, faz-se um outro corte, em diagonal, até atingir a linha de corte horizontal, formando com esta um ângulo de 45 graus. (...) Por último, é feito o corte de abate de forma horizontal, no lado oposto à "boca"».
A técnica para desmantelar serviços públicos e a capacidade estratégica do Estado é muito semelhante ao corte de uma árvore de tamanho razoável. A incisão inicial deve ser discreta, de modo a transmitir o mais possível a ideia de que não só não se vai cortar coisa nenhuma como, pelo contrário, se trata de fortalecer «a árvore».
É assim, por exemplo, com a introdução de taxas moderadoras na saúde (que se dizia pretenderem apenas racionalizar e desincentivar o recurso excessivo e desnecessário aos serviços), de propinas no ensino superior (cujas verbas teriam exclusivamente em vista a promoção da qualidade do ensino), ou da redução do número mínimo de alunos para manter aberto um estabelecimento de ensino do primeiro ciclo (invocando os malefícios, para a socialização das crianças, decorrentes da inexistência de um limiar mínimo de «densidade»). Ou, ainda, o caso da criação da figura jurídica das golden shares, que prometiam salvaguardar a prevalência dos interesses estratégicos do Estado em processos de privatização.
O mais difícil é, de facto, «quebrar o gelo» e - para o conseguir de modo eficaz - é desejável que se apresentem argumentos aparentemente sensatos, razoáveis, com os quais seja difícil discordar. Argumentos que transportem consigo essa noção de que - afinal - se estão a melhorar os sistemas, a tratar de os aperfeiçoar de modo a garantir a sua robustez, justiça e «sustentabilidade futura» (um conceito extremamente poderoso). Uma vez aberta a primeira fenda, que explora justamente alguns dos pontos frágeis do sistema (não é por acaso que os fundamentos para o fazer parecem - e são-no em alguns casos - razoáveis), basta prosseguir.
Deve então avançar-se com o gradualismo que se impuser em cada momento e em cada situação, seguindo um outro princípio muito importante: a imperceptibilidade. Quando dermos por nós, as taxas moderadoras já têm assumidamente em vista o reforço objectivo da comparticipação dos encargos com o SNS; as propinas já se tornaram imprescindíveis para suportar os custos de funcionamento das instituições de ensino superior; e o número mínimo de alunos para manter em funcionamento uma unidade de ensino do primeiro ciclo é já determinado pela dimensão dos cortes nas dotações orçamentais atribuídas. As golden shares, por seu turno, passam a ser encaradas como distorção institucional e ilegítima das regras de funcionamento do mercado, devendo por conseguinte ser eliminadas.
Uma última nota: se os ventos estiverem de feição (cuidando-se por exemplo de instalar previamente a crença moralista e expiatória na austeridade inevitável), nem é preciso ter grande preocupação com o princípio da imperceptibilidade dos cortes. Nesses casos, os golpes vigorosos e implacáveis correm até sério risco de serem enaltecidos pela coragem e ousadia que revelam.
As árvores cortam-se de um só golpe
ResponderEliminaras serras são eléctricas
é um manual desactualizado
hoje até árvores com um PAP (perímetro à altura do peito) de 12 metros
caem em meio minuto
em talhe recto ou de bisel
e com as bolsas a perderem 300 gigadólares ao jour
acho que ainda vamos chegar ao talhe de foi-se
o pessoal do Ministério da Agricultura em Trás-os-montes
já foi de férias em Julho e se voltar em Setembro estamos cá cuma sorte
foram lá metidos a 176 contos em 92 e 93
e agora a 1800 e a 3200 euros
inda fazem menos do que dantes
curiosamente o consumo de papel de fotocópia e de serviços de manutenção
quintiplicou desde 1993
em 17 anos...500% mais
foi a in fla são?
a São curiosamente tinha uma empresazinha pequerruchinha em 93
e ahora quando falir vai deixar uns milhões de dívidas
(segurança social incluída)
aceitam-se propostas
para fornecedores de material ao estado....
e é o ex-Ministério da agricultura
ResponderEliminarnão é a UTAD o politeco de Braga na Ansa nem um hospitaleco qualquer
com 300 grosas de luvas (cirúrgicas) por septimana e resmas de catéteres por mês...
dói na pescoceira- radiografa-se
barriga grande agrafa-se
ice level July 2011 a new low contrariamente à excpectativa in mundos melhores e em consonância con la bourse et la vie en rose
ResponderEliminarOu para Bragança num sítio onde as mães não cheguem
ResponderEliminarCuriosamente a primeira cidade que reagiu aos desmandos do funcionalismo
não consumiam nacional
preferiam produtos de importação
Esta técnica de abate deve ser do tempo, daqueles livrecos de silvicultura da Livraria Francisco Franco (o nacional não o espanhol)
ResponderEliminarExcelente post!
ResponderEliminarPost elucidativo, excelente para quem sabe ler!!!
ResponderEliminarOu só um daqueles Betos de esquerda
ResponderEliminarnã é necessário ser-se analfa
só ter cataratas ideológicAS
Gostei do post.
ResponderEliminarestá provado
ResponderEliminarMuito bom post!
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