sábado, 23 de julho de 2011
Custos
Paul Krugman alude a um ponto em que temos insistido desde há alguns anos neste blogue: a obsessão da desunião europeia, partilhada por outras regiões, e que a última reunião dos líderes da zona euro confirmou, com a promoção da competitividade através da compressão dos custos salariais, à boleia da austeridade recessiva por todo o lado. As consequências perversas são óbvias e têm sido assinaladas pela investigação feita por economistas de vários quadrantes: estamos trancados num jogo concorrencial perverso em que o que parece racional para cada país individualmente considerado – promover as suas exportações por via da compressão dos custos relativos do trabalho e seduzir o capital, que desde os anos oitenta pode circular por aí sem grandes entraves, por via fiscal – gera um resultado global tendencialmente depressivo sob a forma de mercados desequilibrados e contraídos por um défice permanente de procura salarial. O aumento do peso dos rendimentos do capital no rendimento nacional de muitos países não se traduz em investimento adicional devido precisamente à medíocre evolução da procura e à pressão por parte de accionistas cada vez mais poderosos para a distribuição incessante de dividendos. Até quando é que os interesses do capital financeiro comandarão o processo económico?
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