sábado, 14 de maio de 2011

Reestruturação, jamais?

É claro que soluções para as periferias europeias, e portanto para a crise da Eurozona, são medidas como a emissão de obrigações europeias ou recompra da dívida pelo FEEF. A reestruturação da dívida é o que irá acontecer se decisões desse tipo não forem tomadas a tempo, e é preciso prepararmo-nos para a eventualidade delas não serem tomadas de todo.

Não se compreende portanto que alguém, fingindo-se muito indignado, possa dizer alto e bom som - “reestruturação jamais” - sem corar de vergonha. Se uma coisa é certa - e acerca dela nem sequer há divergências entre economistas de esquerda e de direita - é que com estas perspectivas de recessão e estas taxas de juro, a dívida das periferias não é pagável. É matemático: a dívida explodiria.

O que não se compreende também é que se oculte que a reestruturação, com “cortes de cabelo” e tudo, está prevista nas resoluções do Conselho Europeu para depois de 2013 e já aconteceu de facto na Grécia quando as taxas de juro e as maturidades dos empréstimos FEEF/FMI foram revistas.

Na realidade, o que se passa é que alguém anda a querer ganhar tempo. Tempo para quê? Talvez para limpar dos balanços dos bancos o lixo tóxico (títulos de dívida pública e privada grega, irlandesa e portuguesa). Alguém anda a querer "repatriar" a dívida para que o “corte de cabelo” quando vier não o afecte. O tempo que esse alguém anda ganhar, para nós é tempo perdido. O que estão à espera para articular posições com a Grécia, a Irlanda e a Espanha (e outras vozes razoaveis na UE)? Ainda acham que podemos ser contaminados por algum virus mediterranico?

É por isso que me parece absolutamente irresponsável um dirigente político dizer - “reestruturação jamais” – e fazer disso bandeira de campanha eleitoral, ao mesmo tempo que aceita o prato de veneno que lhe põem à frente e ainda por cima lhe chama um figo. Parvos somos nós?

8 comentários:

  1. não foi o que se fez com outros títulos anteriormente

    ou se dá tempo ou se injecta dinheiro

    e o pessoal tanto se embrenhou dessa consciência que qualquer dia o estado não paga

    que sairam 737 milhões num mês

    e as subscrições de certificados do tesouro foram de apenas 137 milhões e os resgates de 48

    não se pode ter tudo

    e reestruture-se a Grécia 1º
    que o pagode por cá inda pode durar mais uns anos

    e a modalidade da reestruturação?

    vai ser à grega?

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  2. Em actualização

    O director do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, foi detido em Nova Iorque, pela suspeita da prática de um crime de natureza sexual.

    O francês foi detido pelas autoridades norte-americanas quando já se encontrava dentro de um avião, no aeroporto JFK, que partia daí a dois minutos para Paris, avança o jornal «New York Post».

    O jornal dá conta na sua edição electrónica que o director do FMI é suspeito de ter «sodomizado uma empregada de um hotel de Manhattan» este sábado.

    http://www.tvi24.iol.pt/internacional/fmi-detencao-nova-iorque-strauss-kahn-tvi24/1253403-4073.html

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  3. e é disto que se vive

    quem é que disse pilosidades

    quem fodeu quem

    qual é o político que fez mais merda

    qual o kahn que caiu nesta semana

    episódios

    da situação europeia nikles
    ninguém discute...aceita-se

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  4. no caso português 20% de perdão de dívida são uns 30 e tal mil milhões

    40% uns 60 mil milhões

    e o resto?

    abatimento a 100%?

    euro-bonds euro-bonds não são a solução
    mas são uma panAcEIA

    ou se calhar comprimido de sacarose

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  5. Sem eurobonds, também não percebo a razão de tanta relutância em falar-se da reestruturação da dívida, nem que seja para baixar 0.5% ou dilatar um prazo... Afinal, essa é a mesma questão que se põe a muita gente anónima e em dificuldades financeiras.
    Parece-me que estamos perante mais um tabu, do género daquele “cuidado com a instabilidade política, olhem os mercados que nos vão cair em cima” (sabemos como foi).
    O que não é descabido, não senhor, é essa ideia de ganhar tempo para limpar o lixo, ou melhor, de o mandar para casa do vizinho…

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  6. João Carlos Graça15 de maio de 2011 às 14:18

    A reestruturação já nem se discute, pelo menos de boa-fé. A única questão decente é saber se esta (negociada "na boa" ou sob a forma de default) chega ou se, depois dela, deverá vir a desvalorização, isto é, no nosso caso, a saída do Euro. Ver aqui o Krugman, o qual parece aproximar-se quanto a isso da tese do Weisbrot a respeito da Grécia: http://krugman.blogs.nytimes.com/2011/05/10/more-greek-out/
    Aproxima-se, repito, dos pontos de vista do Weisbrot, que segundo me parece tem razão neste assunto, isto é, os gregos devem mesmo sair:
    "bear in mind that the first piece is already a foregone conclusion: everyone knows that Greece won’t repay its debt in full. The problem is that even if the country defaults on its debt, it still faces the problem of wages and prices way out of line with the core euro countries. So devaluation is what you do when default isn’t enough".
    O debate político, entre nós, está mesmo tão atrasadinho!...

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  7. Mas algum sr. economista tem dúvidas de que, paga a dívida (feita de forma forçada e concertada) algum dos países pelintras vai ficar no euro? Isto é como nós com os bancos, ou com o nosso vizinho, depois do dinheirinho do lado de cá: Queres mais? Vai pedir a outro!
    E o negócio é tão bom, que o Partido Liberal, aliado da Sra. Merkel, já aprovou o Fundo (que os camaradas da Sra. não queriam) para que o "negócio" vá até 2013, ano das eleições alemãs... Alguém sabe do paradeiro da Sra. D. Branca?

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  8. d.Branca morreu e o Pedro Caldeira ainda ai anda

    e tantos outros

    talvez se os nacionalizássemos

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