Joana Lopes chama a atenção para uma ideia que vai fazendo o seu caminho nas esquerdas e muito para lá delas: falo, é claro, da renegociação da dívida, que foi abordada ontem por Medeiros Ferreira e até por Santana Lopes. A renegociação de juros, prazos e montantes pode ser encarada como uma arma de diplomacia económica. Manejada de forma atempada pelas periferias pode persuadir o centro europeu a avançar com soluções institucionais para os problemas da Zona Euro.
De resto, é sempre aconselhável ler e ver Medeiros Ferreira e Fernando Rosas. Em debate semanal na TVI24 geram externalidades positivas no campo do conhecimento: até Santana Lopes, que também participa no programa, acaba por enriquecer o debate, pelo menos a avaliar pela sua prestação de ontem. Constança Cunha e Sá, com acusações preconceituosas de “radicalismo” e “irrealismo” a tudo o que altera este insustentável statu quo, aliás facilmente desmontáveis, contribui inadvertidamente para que as coisas possam ir sendo esclarecidas. Aqui está um programa de debate a ver regularmente.
Exactamente, João: é um dos melhores programas de debate, neste momento, nas TV's (ou o melhor...).
ResponderEliminar(Aproveito para aplaudir a tua prestação no último P&Contras! Excelente)
Já agora, olha que o título do meu post é ao contrário; «O inviável é inevitável».
ResponderEliminarNão sei se nos estamos a entender. Renegociação da dívida e reestruturação da dívida, para mim, são exatamente a mesma coisa. Estou enganado? Pode é haver maior peso do credor ou maior peso do devedor, mas isto não me parece alterar a identidade das expressões.
ResponderEliminarNo entanto, como eu já escrevi e me parece que é o quer dizer também o seu companheiro de blogue José M. Castro Caldas, suspeito que anda muita gente a fazer jogo de palavras. O próprio PCP começou por escrever no programa reestruturação e ontem Jerónimo falou em renegociação. Os outdoors do BE dizem renegociação. É porque o termo é mais entendível ou é para sugerir um processo mais "suave" e "menos caloteiro"?
Lendo-o agora a si, e nunca suspeitando de que o João Rodrigues faz manipulação, pergunto-lhe o que quer dizer neste post, exatamente, com renegociação?
E que tal dizer que provavelmente o preço que nos irão cobrar por essa eventual renegociação (daqui a uns tempos já que a destruição e o desespero ainda não estão nos niveis desejados) ser a saída "voluntária" do Euro?
ResponderEliminarTambém eu
ResponderEliminar- citei a Joana Lopes
- aplaudo a sua participação no O& C (alias faço link para a 2ª parte do programa)
Obrigado a tod@s pelas simpáticas palavras.
ResponderEliminarAcho que tem razão JVC: reestruturação e renegociação de prazos,juros e montantes são a mesma coisa. As palavras são importantes e, na minha opinião, devemos usar aquela que transmite a ideia mais facilmente. Reestruturação é provavelmente menos clara. Não se trata de manipulação. Trata-se de fazer um esforço para ser mais claro.
Sair do Euro, Exilado? E depois quem é que compraria os produtos feitos na Alemanha, que se tornariam de repente 20% (com sorte, só isso) mais caros para os "voluntariamente expulsados"?
ResponderEliminarSe calhar até comprariam, visto terem deixado de ser produzidos internamente, mas em muito menor escala, porque o poder de compra baixaria.
Os alemäes querem toda a gente no Euro, e de preferência a produzirem a matéria-prima für den Deutsches produkten. Neo-coloniasmo? Sim. Soluçäo? Vender bom vinho aos alemäes, isso ninguém tem melhor que Portugal!
Maquiavel,
ResponderEliminarE teríamos escolha em não continuar a comprar no mesmo sítio?
E Mesmo assumindo que houvessem items de preço proibitivo, que não houvesse pressão política suficiente que nos conseguisse obrigar a comprá-los, com a inevitável desvalorização da nova(antiga) moeda isso poderia ser positivo para estimular ou a produção local ou alternativas.
Além de tudo isto é de referir que os mercados dos países periféricos são pouco interessantes para as potências comerciais. Somos muito mais úteis como laboratório de experimentação social agora que a América do Sul começa a estar fora de questão.
Nem mais Exilado! concordo por inteiro.
ResponderEliminarO Tavistock Institut está em peso no sul da Europa!
Quanto a renegociação e a reestruturação, deixo aqui um comentário do dr. Garcia Pereira no seu blogue... de qualquer forma, não considero isto renegociação...
ResponderEliminar"Convém recordar, ainda e uma vez mais, que foi exactamente isso, e por virtude das políticas impostas pelo FMI, que sucedeu na Argentina (cortes salariais e das pensões, aumento dos impostos, encerramento de empresas e despedimentos em massa e, por fim, indisponibilidade de movimentação e imediato confisco de parte das contas bancárias), e a situação só se começou a inverter e a especulação financeira só terminou quando o Presidente Kirchner decretou unilateralmente que a Argentina apenas pagaria 0,30€ por cada dólar da dívida e rigorosamente nada a título de juros.
Mas naturalmente que os defensores e apoiantes da Troika não querem que o Povo Português tenha conhecimento dessa experiência... "