terça-feira, 19 de abril de 2011

Espiral descendente

"Estas economias [Grécia, Irlanda e Portugal] encontram-se numa trajectória insustentável, sem que tal se deva a um esforço insuficiente por parte dos seus governos. A Grécia e a Irlanda procederam a cortes orçamentais heróicos. A Grécia esforça-se por superar a rigidez da sua economia e Portugal, mesmo que tenha demorado a libertar-se de algumas regras sufocantes, atravessa hoje um aperto fiscal pesadíssimo. Nestes três países o cenário é cada vez mais negro, em grande medida devido aos erros cometidos em Bruxelas, Frankfurt e Berlim. Devido à insistência da União Europeia, a prioridade das periferias tem consistido em reduzir os défices orçamentais, sem olhar para as consequências no crescimento. Ao mesmo tempo que a austeridade torna cada vez mais longínqua a saída da crise, o pagamento das dívidas destes países - que se prevê atinjam os 160% do PIB na Grécia, 125% na Irlanda e 100% em Portugal - torna-se cada vez mais difícil, o que faz com que as taxas da dívida soberana se mantenham elevadas. O resultado é uma espiral descendente."

Até já no insuspeito The Economist se percebeu o papel contraproducente dos ajustamentos austeritários, impostos por Berlim e Bruxelas às periferias europeias, face aos objectivos que os mesmos pretenderiam, supostamente, atingir.

3 comentários:

  1. Sinto uma enorme incapacidade para ouvir mais baboseiras sem que os nervos me façam desejar subir paredes... ontem ouvi duas pérolas... uma de MST na TVI - ohomem que sabe de tudo - criticando a ausência do PCP e do BE nas reuniões com o FMI. "Cortes cegos" será razão suficiente para si MST? Se perder 10 por cento do seu, continua a jantar fora; se eu perder 5 por cento, estou morto. Diferenças... Outra de Americo Amorim, rico: "Solução é trabalhar mais e gastar menos". Explique-me: como posso trabalhar mais se há cada vez mais desempregados? E gastar menos se a gosolina está sempre a subir? E para quem tem rendimento mensal a recibo verde de 550 euros (mais casa, alimentação, dois filhos, carro, luz, agua, sapatos, meias, cuecas, camisolas, etc) onde posso poupar? Agradeço que me ilucide. A sério... estou a perder a paciência, á sério que 'tou. JM

    ResponderEliminar
  2. Então agora despareceu o FMI!!!!Depois de vergonhosamente terem adoptado a técnica de propagande de Pinocrates já não existe FMI. Pois, bem vos percebo, como diria pinócrates!
    Não se resolve um problema de dívida dívida com mais dívida. Não será com investimento privado e com um modelo assente em exportações? Parece que o consumo privado subiu sempre vetiginosamente acima do ritmo de crescimento. Álvaro Santos Pereira mostra-o.
    Curioso, falam de Berlim mas não de Finlândia. será xenofobia?

    Jorge Rocha

    ResponderEliminar
  3. O Álvaro Santos Pereira escreve uma coisa com princípio, meio e fim, pelo que merece uma refutação. A terapia é em grande medida o contrário do que diz ou sugere, mas isso tem de ser argumentado.
    O MST nem isso. Só é pena que uma "enorme incapacidade para ouvir mais baboseiras sem que os nervos me façam desejar subir paredes" não tenha chegado antes, muito antes, à opinião de esquerda portuguesa... Ainda não há muito tempo que o dito multimilionário-da-bojarda-opinion-maker-da-treta-supercampeão-da-ignorância-fátua-e-convencida-criançola-mimada-impertinente-com-ego-hiper-inflacionado era tratado como gente, como pessoa cuja opinião valia a pena considerar até por meios afectos ao próprio BE!
    Isto é que, retropectivamente, vale a pena meditar com calma...
    Ah, e quanto ao post, obrigado Nuno Serra, por nos relembrar o óbvio. Vivemos num país com uma opinião pública tão manietada e pavlovianamente condicionada que só mesmo no fim, quando os próprioas analistas do FMI o confessarem, é que este pessoal ("mais Fmiista do que o FMI", na nossa boa tradição "castiça") reconhecerá o abuso, o absurdo e a violência do que o FMI (com o beneplácito e o alívio da elile bem-pensante nativa, claro) está prestes a cometer!

    ResponderEliminar