quinta-feira, 14 de abril de 2011

Economia política da intervenção

A desfaçatez do bloco central não tem limites: Teixeira dos Santos indicou que o Estado está "disponível" para entrar no capital dos bancos. Sem mais, claro. O Estado bombeiro aceita empréstimos, com condições draconianas para as classes populares, para ajudar os bancos e seus accionistas, socializando prejuízos num processo à irlandesa? É isto, não é? Até agora os bancos intermediavam entre o BCE e o Estado, ganhando à custa de todos. E ainda há quem chame ajuda a esta expropriação. Revela-se claramente a lógica da concertação entre os bancos, organizada internamente pelo Banco de Portugal, para exigir a entrada da troika FMI-BCE-CE. A solidez do contrato político com este sector financeiro, um dos principais responsáveis pelo estado do país, por contraste com a precariedade do contrato social, diz tudo sobre o espírito santo que comanda internamente a nossa economia política. Embora o encaixe financeiro seja residual num contexto de venda forçada, a exigência de privatização de bens públicos essenciais faz todo o sentido para quem quer capturar sectores onde os lucros estão garantidos. É viver sempre em cima das possibilidades da comunidade. Repito o que escrevi no início da austeridade mais violenta: o que está aqui em jogo é um processo de transferência dos custos sociais do ajustamento à crise do capitalismo financeirizado para o "factor trabalho", a expressão de Cavaco Silva que é todo um programa político. A alternativa? Alternativas há muitas para os vários planos da vida económica, mas se calhar vai ser preciso pensar em reestruturar os bancos, impondo nesse processo perdas severas aos accionistas e aumentando a importância da banca pública.

7 comentários:

  1. E essa reestruturação vai ser feita de forma pacífica com partidos e tribunais a colaborar?

    ResponderEliminar
  2. Parece incrivel, o Estado está disponível para capitalizar os bancos e não tem dinheiro para pagar os salários dos funcionários públicos, basta ver o "esquema" entre o Ministério da Administração Interna e das Finaças para se concluir que estamos na presença duma quadrilha de malfeitores.

    ResponderEliminar
  3. Como é que devo fazer para conseguir um empréstimo na CGD para comprar as acções que "vamos" vender na EDP, GALP; ANA, TAP, etc???????

    não foi assim que o sr. Amorim ficou rico??!!!
    ... também quero!!!!!

    ResponderEliminar
  4. Cara Maria Povo
    Consegues o emprestimo, compras as acções e são elas que ficam como garantia. Se subirem vendes e ficas com as mais-valias, se descerem pode o banco ficar com elas, já que são elas a grantia do emprestimo.

    ResponderEliminar
  5. Ana, obrigada pela dica!! mas achas que algum banco emprestará dinheiro a Maria Povo????

    de qualquer forma, investir nos "monopólios" galp.edp, ana, tap, ect., é sempre dinheiro em caixa!!!

    ResponderEliminar
  6. Talvez com um cartão de militante...acho que tanto rosa ou laranja servem e azul também, enfim algum do famoso "arco do poder".

    ResponderEliminar
  7. ANA:

    Não é arco do poder é arco do pote

    ResponderEliminar