terça-feira, 26 de abril de 2011

Como escapar a mais uma década perdida?

A criação da União Económica e Monetária (UEM) não trouxe ganhos significativos para a economia portuguesa em termos de convergência real com os países mais ricos da Zona Euro. Analisamos as causas da fraca performance da economia portuguesa na última década, discutimos as suas perspectivas de crescimento dentro da UEM e fazemos duas propostas para uma reforma institucional urgente da UEM [imposição de limites para os desequilíbrios da balança corrente dos países e revisão em alta do objectivo para a taxa de inflação por parte do BCE]. Argumentamos que, no quadro institucional prevalecente, Portugal enfrenta um longo período de estagnação, desemprego elevado e reforma estrutural dolorosa e concluímos que, na ausência de uma reforma institucional da UEM, sair da Zona Euro constitui uma opção política séria para Portugal.

Aqui fica a minha tradução do resumo do artigo de Pedro Leão e Alfonso Palacio-Vera, disponível como documento de trabalho no Levy Economics Institute, um dos principais centros de investigação keynesianos nos EUA.

4 comentários:

  1. Caro João Rodrigues
    Saída via imposição de tectos? "Unfortunately, this solution is unlikely to be adopted in the foreseeable future" (p. 22)
    Idem via atenuação das obsessões anti-inflacionárias? "Sadly enough, as in the case of the ceilings on current account imbalances, this proposal faces a serious obstacle" (p. 23).
    Isso deixa-nos?... bom, na coragem intelectual e na lucidez das conclusões, penso eu. Parabéns ao Pedro (e também ao Alfonso, claro, a quem não conheço).
    Já agora: a hipótese de 50 por cento de não-transacionáveis e 50 por cento de trabalho (p. 17) parece-me marcadamente irrealista. É curioso que quando se levanta a hipótese de desvalorização o pessoal entre em pânico por causa da alegada rigidez das importações enquanto aqui, por contraste, os transacionáveis desaparecem completamente do mapa... Digamos que é uma hipótese simplificadora que "estica" o raciocínio no sentido exactamente oposto...
    Mas a discussão que desemboca na p. 20 em "the decline in nominal wages in an individual EZ economy does not lead to an increase in the GDP of the EZ as a whole but only redistributes a given level of output between the two EZ economies" é soberba. Ou seja, de novo - e de longe - era bem mais conveniente da perspectiva do conjunto relaxar as clássicas obsessões anti-inflacionárias e aceitar alguma desvalorização do euro: "owing to the relative depreciation of the euro, the GDP of the EZ economy whose import propensity initially
    increased settles at a lower level whereas the GDP of the other EZ economy settles at a higher level"
    Isto é muito importante!
    É claro que há uma data de coisas assumidas aqui como constantes e que de facto não o são. Os factores de mais longo prazo têm decerto a ver sobretudo com o tal défice de formação académica por comparação com a Europa de lesta, a que se alude algures, já não sei onde.
    Mas trata-se, sem qualquer dúvida, de 22 preciosas páginas de texto "líquido".
    Muito obrigado por postar isto, João!

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  2. Evidentemente que não: o país endividou-se como se não houvesse amanhã. Já viu alguém a prosperar no longo prazo apenas à conta de dívida sem se preocupar em criar condições de geração de riqueza?

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  3. Com os dados que vêm agora do RU, outro adepto do masoquismo austero, é como diz o do costume:

    http://krugman.blogs.nytimes.com/2011/04/27/uk-not-ok/

    "SURPRESA! Políticas contraccionárias geram contracção!"

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  4. Tenho uma "versão privada" do paper com propostas mais heterodoxas para Portugal do que a versão publicada.

    Nessa versão privada, faço uma crítica à proposta do Blanchard de descida de salários nominais, e proponho uma alternativa:

    descida coordenada de salários nominais e dos preços dos não transaccionáveis.

    Se quiserem, posso mandar-vos essa versão: o meu email é pleao@iseg.utl.pt

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