quarta-feira, 6 de abril de 2011

Antes, não depois!

No dia em que o Governo pediu ajuda financeira à (des)União Europeia importa perguntar: a quem serão pedidos (ainda) mais sacrifícios?

Uma elementar noção de justiça diz-nos que devem ser os que recebem anualmente mais rendimento e têm mais património. Mas há boas razões para recear que, uma vez mais, serão os muitos que detêm a menor parcela do rendimento os escolhidos para suportar a maior parte do fardo da política que nos vai levar a mais recessão, mais cortes na despesa, mais recessão, mais ... até descermos à rua e fizermos um novo 25 de Abril.

A menos que as esquerdas ainda nos surpreendam e, erguendo-se à altura da situação que o País vive, apresentem aos cidadãos uma candidatura da «esquerda grande», da esquerda que está em condições de governar em ruptura com a austeridade. E não a promessa de alguma convergência para depois do voto.

12 comentários:

  1. Pelos que põe o sangue, o corpo, isso seria o melhor que poderia acontecer.

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  2. Não há União europeia, há comunidade política de estados independentes. Não existe uma "união europeia", ninguém aprovou uma constituição europeia nem federação. União é só um nome e assim deve ser. Não é defeito é mesmo feitio. Alguns estados perderam soberania, temporariamente, devido ao endividamento excessivo.
    Os povos da Holanda e da França pronunciaram-se claramente contra as fantasias federalista e isso acabou. Só pode haver coordenação. O resto é vacuidade e ópio dos intelectuais.


    Jorge Rocha

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  3. Quando o povo sair à rua para fazer um "novo" 25 de Abril, mal vai a coisa se ainda pensarmos em termos de esquerdas e de direitas. A questão é quem ganhou e o quê com este regime cleptocrático.

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  4. João Carlos Graça7 de abril de 2011 às 00:57

    Caro Jorge
    Bem dito! Deixo-te um pequeno contributo "politológico". O sistema eleitoral português, apesar de proporcional, padece dum vício que consiste no facto de os círculos serem na sua maioria muito pequenos. Assim, a vida política está em cerca de metade deles limitada já, de facto, a um duelo PS-PSD. É assim em quase todo o interior, nas ilhas, na emigração...
    Quer o BE quer a CDU conseguem eleger deputados em menos de metade dos círculos. Todavia, a mera adição dos votos teria já permitido, nas eleições anteriores, um aumento considerável de deputados, havendo eleitos onde nenhuma das formações hoje "entra" (exemplo: Viseu) e elegendo ambas onde hoje só uma elege (exemplos: Aveiro, onde o BE elege 1 e a CDU zero, uma lista com a soma dos votos teria eleito 2; em Braga é simétrico). Creio que é dispensável continuar.
    O efeito de ímpeto, de mobilização colectiva resultante da assunção da coligação, está todavia muito para além destes cálculos. É razoável, portanto, "augurar" pelo menos 3 deputados para a "Frente Ampla" (já a baptizei) em Braga e outros 3 em Aveiro...
    E, por favor (por favor!), não se responda que fazer cálculos é mesquinho e que patati, patata...
    Não, não é! De todo, não é!
    Pelo contrário, não fazer é que é mesquinho. É importantíssimo que destas eleições saia um quadro parlamentar em que nem o PS nem o PSD+PP tenham maioria absoluta! Se isso se verificar, teremos talvez um governo "à alemã", um governo de "grande centrão", dito de "salvação nacional" ou algo semelhante. Mas a nossa situação económica não é a da Alemanha!...
    A Frente Ampla poderá, nesse caso, marcar activamente a agenda oposicionista e condicionar então a evolução subsequente da área sociológica do PS...
    Isso são voos mais amplos, claro. Mas convém não perder essa previsível trajectória de vista.
    A situação vai ser de catástrofe económica - uma espécie de medina-carreirismo colectivo em profecia auto-realizada - e é crucial que a Esquerda (com E maiúsculo) esteja à altura disso!

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  5. Pois, venho corroborar aquilo que já vários têm dito aqui. Se o que sair da conversa de amanhã entre o BE e o PCP é uma espécie de convergência depois das eleições, ela só será relevante se se traduzir em algo de palpável, reduzida a um acordo escrito (a um projecto, a um programa político). Se for apenas para verificar os pontos em que ambos concordam e que os separa do bloco central nada tem de novo, e de facto, para quem tem estado atento isos não trará novidade nenhuma. Sendo realista, eu não creio que vá haver uma coligação entre BE-PCP e independentes de esquerda. Agora não creio que vá acontecer. Mas é importante que o passo que amanhã vai ser dado não tenho retrocesso e é obrigação dos dois partidos - obrigação face à miséria das alternativas políticas que PS-PSD e CDS se preparam para nos oferecer - dar alguma expectativa concreta a todo um eleitorado que não sabemos agora se neste momento são 18% ou 20% ou 25% da população, ou mais ainda, e que não quer mais ser presenteado com argutas análises macroeconómicas, com clarividentes teorias sobre o capitalismo actual, mas quer simplesmente poder encarar políticas alternativas nas quais valha a pena votar. Não é a mim, que sou eleitor normal do BE (mas que poderia votar, igualmente, caso o BE não existisse, no PCP) que é preciso conquistar o voto, mas à maioria da população. E a maior parte da população não quer que lhe seja explicada porque se deve votar contra o PEC IV ou ser contra esta ajuda que o Governo acaba de pedir, mas antes quer saber (ser informada) de alternativas.

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  6. VIDEOS:


    1ª PARTE

    http://www.youtube.com/watch?v=ZUJts90HIHc
    ------------
    2ª PARTE

    http://www.youtube.com/watch?v=wj7LKI8rIUo
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    POEMA:

    Vou, vou-vos mostrar mais um pedaço da minha vida. Um pedaço um pouco especial. Trata-se de um texto que foi escrito, assim, de um só jorro, numa noite de Fevereiro de '79, e que talvez tenha um ou outro pormenor que já não seja muito actual. Eu vou-vos dar o texto tal e qual como eu o escrevi nessa altura sem ter modificado nada. Por isso vos peço que não se deixem distrair por esses pormenores que possam já não ser muito actuais e que isso não contribuia para desviar a vossa atenção do que me parece ser o essencial deste texto. Chama-se FMI. (Pausa.) Quer dizer Fundo Monetário Internacional. (Risos) Não sei por que é que se riem, é uma organização democrática dos países todos que se reúnem, como as pessoas, em torno de uma mesa para discutir os seus assuntos e no fim tomar as decisões que interessam a todos. (Voz no público: Todos, eles.) É o internacionalismo monetário. (Risos.)



    Cachucho não é coisa que me traga a mim

    Mais novidade do que lagostim
    Nariz que reconhece o cheiro do pilim
    Distingue bem o Mortimore do Meirim
    A produtividade, ora aí está, quer dizer
    Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
    Entrar por aí a dentro, analisar, e então
    Do meu 'attache case' sai a solução!

    FMI não há graça que não faça o FMI
    FMI o bombástico de plástico para si
    FMI não há força que retorça o FMI

    Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
    Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
    Enfio uma gravata em cada fato-macaco
    E meto o pessoal todo no mesmo saco
    A produtividade, ora aí está, quer dizer
    Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder!
    Batendo o pé na casa e o espanador na mão
    É só desinfectar em superprodução!

    FMI não há truque que não lucre ao FMI
    FMI o heróico paranóico 'hara-quiri'
    FMI panegírico, pro-lírico daqui

    Palavras, palavras, palavras e não só
    Palavras para si e palavras para dó
    A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
    Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
    A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
    Sempre atentas
    E levas pela tromba se não te pões a pau
    Num encontrão imediato do 3º grau!

    FMI não há lenha que detenha o FMI
    FMI não há ronha que envergonhe o FMI
    FMI ...

    Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalte-quer, messe gigantesca, vem-te bem, vem-te vindo, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama, vi-me no Águia D'ouro,

    (...)

    Tio Aurélio

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  7. eu quero que se foda o FMI, eu quero lá saber do FMI, eu quero que o FMI se foda, eu quero lá saber que o FMI me foda a mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se ele tornar a ir para o hospital, pronto, bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio, rua, desandem daqui para fora, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe...

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  8. Mãe, eu quero ficar sozinho... mãe, não quero pensar mais... mãe, eu quero morrer mãe.
    Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viagem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe... lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...

    Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir. Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores. De quem é o carvalhal? É nosso! Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grândola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois.

    Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco. Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra, o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram. A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez. Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.

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  9. Poema total em

    http://fora-de-cena.blogs.sapo.pt/158725.html

    uanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, hã? Sempre a merda do futuro, e eu que me quilhe, pois pá, sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu hã? Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois? É só porrada e mal viver é? O menino é mal criado, o menino é 'pequeno burguês', o menino pertence a uma classe sem futuro histórico... Eu sou parvo ou quê? Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora, que se foda o futuro, que se foda o progresso, mais vale só do que mal acompanhado, vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos! Deixem-me em paz porra, deixem-me em paz e sossego, não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho, não há paciência, não há paciência, deixem-me em paz caralho, saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto, vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e policias e generais para o raio que vos parta! Deixem-me sozinho, filhos da puta, deixem só um bocadinho, deixem-me só para sempre, tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega,

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  10. The Executive Committee and Editorial Board are elected by the membership at our Annual General Meeting.

    The Executive Committee members are: Kate Begley, Andrew McCulloch, Gerry Strange, Julian Wells, and Owen Worth.

    The Editorial Board members are: Owen Worth, John Callaghan, Greig Charnock, Ian Fitzgerald, Steve Fleetwood, Jamie Gough, Carmen Kuhling, J McBride, Phoebe Moore, Adam David Morton, Nick Potts, Barry J Ryan, Stuart Shields, Gerry Strange, Jules Townshend, and Julian Wells.

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  11. Não têm nada a perder nestas eleições, uma união que signifique uma reformulação dos dois partidos e não somente uma junção tem que ser tentada devido ao abandono da ideologia de esquerda do PS em favor da conquista do centro direita e devido à polarização para a direita dos outros dois partidos.

    Devia chamar-se algo como Esquerda Real, ou somente a Esquerda.

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  12. A Analogia da Torneira

    Imaginem uma torneira grande de onde sai água em quantidade para uma horta. Nalguns sítios a água chega e apenas molha a terra ; noutros o ímpeto da água faz estragos. O camponês desesperado tenta evitar os estragos; abre regos, , tenta desviar a agua mas a torrente continua, e os estragos já estão à vista. Surge então uma criança de 5 anos e simplesmente…fecha um pouco a torneira. E acabam-se os estragos.
    Na governação acontece o mesmo: quem está de fora só com um árduo trabalho evita os estragos de decisões erradas; quem está dentro, com muito mais eficácia e menos esforço…regula a torneira.
    Foi isto que o PCP e O BE ainda não perceberam, ao contrário dos outros partidos europeus: fazer acordos de governação permite um controlo que a força bruta não consegue alcançar, e mesmo com fracas forças se condicionam grandes partidos. De fora pouco se consegue fazer, a não ser dar espectáculo de luta sem tréguas nem resultados.
    Até uma criança de 5 anos percebe isso.

    J Cavalheiro

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