sexta-feira, 18 de março de 2011
Mudar de vida económica
A irracionalidade de um sistema económico sem mecanismos sociais e políticos de coordenação robustos está à vista na indicação de Manuel Esteves no excelente blogue do Negócios: em Portugal, "são cada vez mais os que trabalham de mais e os que trabalham de menos". Apesar dos retrocessos neoliberais, a variedade renana de capitalismo ainda oferece pistas a explorar: a Alemanha tem um esquema de protecção do emprego em épocas de recessão que assenta na redução pactuada e subsidiada publicamente do horário de trabalho, o que obviamente é facilitado pela tradição de negociação colectiva e pelos seus sindicatos ainda com alguma força; este modelo de partilha, o chamado Kurzarbeit, tem sido parcialmente responsável pela menor destruição de emprego neste país. Já em Portugal, os patrões querem que os funcionários trabalhem mais horas com o mesmo salário, ou até com um salário menor, num dos países onde mais se trabalha na Europa. Em altura de desemprego de massas, esta é uma prescrição vitoriosa para o desastre, só possível porque cheira a medo na economia. A redução do horário de trabalho não resolve por si o problema do desemprego e não substitui a necessidade de uma política económica de estímulo que tem de ter escala europeia. Num país com salários tão baixos em tantos sectores os obstáculos são enormes. No entanto, a redução do horário de trabalho tem de ser parte do esforço para instituir uma economia mais decente. Por exemplo, na New Economics Foundation há quem não desista de pensar num outro futuro: 21 horas...
Os Ladrões de Bicicletas já alguma vez pensaram no efeito do desenvolvimento tecnológico na economia?
ResponderEliminarSabiam que há 25 anos atrás, uma empresa de contabilidade que precisava de 30 contabilistas para funcionar, hoje precisa apenas de um contabilista, um computador e software de contabilidade?
E sabem que a tecnologia está em evolução exponencial?
No abstracto acho este um modelo excelente, por permitir tempo para o desenvolvimento pessoal através da formação, criação do próprio negócio, voluntariado, etc.
ResponderEliminarMas parece que tem um problema fatal para a sua aplicação em Portugal: os ordenados full-time por cá, ao contrário dos nórdicos, mal conseguem pagar uma renda, alimentação e transportes, muito menos se se tiver família e ainda menos se for reduzido a 21 horas.
Mais de metade dos trabalhadores recebe menos de 600€ por mês e reduzir isso a metade era criar um autêntico genocídio.
Não estou a defender também a opressiva evolução das condições que foi descrita acima, mas só a ilustrar o catch 22 de não termos salários mínimos de 1500€...
Devido ao facto de termos mais de 600.000 desempregados para 90.000 ofertas de emprego vamos ter de começar a lidar com o problema de termos um exército de pessoas "desactivadas" nas nossas cidades sem quaisquer hipóteses de resolução, a não ser que o governo do Coelho Portas, para além do distópico cheque-ensino, crie também o cheque-emigração.
http://oblogouavida.blogspot.com/2011/03/eu-nao-sou-berlinense.html
ResponderEliminaros ordenados full-time por cá, ao contrário dos nórdicos....OS NÓRDICOS Têm pitroil indústria
ResponderEliminare trabalham num fingem que trabalham a tomar café
metade ganha menos de 600?
e produzem o quê 60mil?
@eleitorado
ResponderEliminarNinguém discute que a produtividade é baixa em Portugal, mas dizer que se ganha por cá 600€ e que isto mal chega para suportar uma pessoa, é só a constatação de um facto.
Não há espaço para redução de tempo de trabalho nem espaço para aumentos muito radicais de salários, estamos entalados.
Por aqui já se falou dos mitos e realidades da produtividade em Portugal:
http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2007/05/uma-mentira-conveniente.html
eu já ganhei menos de 600 equivalentes euros e adaptava-me vivia em quartos alugados
ResponderEliminarum casal de trabalhadores na indústria em 1960 e tal ganhava
500$ e 600$ e os dois alugavam casa por 400 a 600$ e sobravam só
500 mél réis por mês
comiam sobras da véspera
faziam festas uma vez por ano
iam para a costa no verão
ou para a figueira da foz ou similar
faziam campismo
e compras em espanha de ano a ano ou de 2 em 2 anos
e consideravam-se felizes porque muitos viviam pior
é uma questão de expectativas
aqui aluga-se uma casa por 250 a 300 euros um passe para trabalhar em Lisboa custa 130 ou 100 euros
vão-se 380 euros
mora-se numa casa com mais gente ou aluga-se um quarto
vão-se só 230 a 270 por mês
sobram 300 tirando impostos e similares são 250
dá 8 euros por dia
há quem viva com muito menos
há quem viva com muito mais
5 milhões de portugas a 600X14
meses dá 8400/ano
totalizando 42mil milhões de euros
sem contar os restantes 5 milhões
estes 5milhões teriam de produzir
quase 100 mil milhões de produtos exportáveis
para comprar matérias primas e consumíveis
no abstracto isto não se consegue com as 30 e tal horas efectivas de trabalho
que com intervalos há muita empresa com 40 horas efectivas que não labora nem 2/3
constrangimentos....
o facto de que conseguem é que muitas pessoas vivem com tais quantias
não o fazem em todo o lado com a mesma qualidade de vida isso é certo
mas comparar com povos em que um intervalo de 15 minutos ou um atraso dentro de um horário flexível de meia-hora é motivo para multa de meio-dia
e a repetição do agravo por 4 vezes sem justificação fundamentada dá direito a despedimento
e em que uma multa por falsa declaração de doença excede o subsídio pago em 60%
é comparar alhos com bugalhos
o ênfase vai para as contas de merceeeiro
ResponderEliminar5 milhões de portugas a 600X14
meses dá 8400/ano
totalizando 42mil milhões de euros
sem contar os restantes 5 milhões
estes 5milhões teriam de produzir
quase 100 mil milhões de produtos exportáveis
A demagogia do Coelho
ResponderEliminarem:
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/actualidade/passos-coelho-portugal-esta-com-as-calcas-na-mao
ver e ouvir o vídeo é suficiente para se ver o quilate deste Coelho-penedo...
Não responde ao que o pode compromenter.
PULHA
Nem Sócrates nem Coelho
Aurélio Fajardinho
Engasgou-se com:
ResponderEliminaro FMI ( gosta do FMI ou não?)
As Parcerias Público-Privadas- Apoia ou não apoia?
...
Ataca o PS por ter gasto milhares de milhões de euros, mas nada diz se concorda com a sua existência ou se vão terminar...
@ Aurélio
ResponderEliminarDiz o que for preciso para lá chegar e começar a fazer a rotação de boys rosa por boys laranja e por fim implementar por cá uma versão menos musculada mas igualmente desastrosa da utopia neo-liberal chilena.
@ caro sr com nome em arábico
ResponderEliminarCom menos de 1400€/mês os dois vivemos agora nós com uma filha a nosso cargo.
Se não há mais crime ou mais emigração ainda é porque as pessoas não são mimadas mas vivem "simplesmente" como você está a dizer.
Uma ajuda às suas contas:
Temos uma habitação que não dá para partilhar mais (T2)que custa 450€ num prédio com 30 anos e com os problemas disso decorrentes.
A nossa filha de 7 anos não ia achar piada a dividir o quarto com estudantes, penso eu.
É o que foi possível arranjar sem estar no centro da cidade, onde as rendas facilmente atingem o dobro mas obriga-nos a só podermos usar um passe (75€), uma vez que o outro local de trabalho é muito isolado (200€/mês para carro).
Nunca comemos fora excepto o dia da semana em que chegamos por volta das 22h (com apoio dos pais) e trazemos de fora.
Não passamos férias há 3 anos (sempre em Portugal e sem problemas com isso).
A alternativa a esta estupidez destes arrendamentos astronómicos em Portugal (mesmo em locais sem escolas, transportes públicos e comércio) é o endividamento e todos sabemos o desastre que isso está a ser.
Existe outra alternativa, que é a "casinha dos pais", tão troçada por comentadores imbecis nos media.
Para essa não vamos por nenhum motivo a não ser a nossa autonomia (ofereceram-se e são simpáticos), se calhar perdemos muito dinheiro por isso.
Reparei que nas suas contas não inclui gastos familiares nem poupança para saúde ou educação, que são mais do que nunca uma espécie de luxos.
Já agora fique com mais umas contas de algibeira para o país onde 40% da população está à beira da pobreza, com a maior desigualdade económica da UE e onde, apesar destes rendimentos miseráveis, não houve uma explosão de criminalidade, mas de emigração, com 75.000 pessoas a saírem todos os anos:
Existem mais de 600.000 desempregados, mas elimine umas dezenas de milhar e arredonde para este número.
Subtraia a estes os 350.000 que ainda têm o subsídio e outros apoios, agora faça de conta que todos criaram empresas que não vão falir ou então emigraram.
Ficou com 250.000 a que vai subtrair todas as ofertas de emprego que existem por todo o país, que são cerca de 90.000 fixas (agregado público e privado) e até pode ignorar que 9 em cada 10 são a prazo e muitos abertamente ilegais. Assumindo que as pessoas trabalham em qualquer lado em quaisquer condições ficou com 160.000 pessoas.
Reúna 160.000 pessoas que não têm hipótese de trabalhar nem de emigrar nem de criar o seu negócio numa praça e depois diga-lhes (é melhor ser com presença militar) que não são empreendedores e que vivem acima das suas possibilidades.
Este país vai sofrer uma quebra demográfica monumental nos próximos 10 anos devido ao desemprego, precariedade e emigração jovem.
Quem semeia ventos...
Os únicos nórdicos que têm pitrol säo os noruegueses. Mas näo é por isso que säo ricos. A quem é produtivo o pitrol ajuda, é claro. Pois se até ajuda os miseráveis sauditas...
ResponderEliminarA Finländia no fim da II Guerra Mundial estava de rastos, tinha árvores e gelo. E em 50 anos passou ao país mais economicamente competitivo do Mundo, e é conhecida pelos avanços tecnológicos.
E por aí fora. O que os nórdicos têm (ainda) é ensino universal gratuito até ao mestrado, e empresários, näo patröes. Vede que agora que a tentaçäo neoliberal chegou ao Norte começam a haver mais conflitos sociais, as desigualdades crescem, e a economia está a emperrar. Vidas!
Diogo,
ResponderEliminarPor outro lado, existem agora funcoes tecnicas que nao existiam ha 25 anos atras :o)...
Ja ha dias tive esta discussao com alguem, onde diziam que "com a evolucao deixam de haver empregos, ja aconteceu com a revolucao industrial" e isso e grande tanga!
Sao precisas e, cada vez mais, pessoas especializadas (e as areas de especializacao estao em constante mutacao)!
Cumprimentos,
Luis Silva
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ResponderEliminarTenha um bom dia, meu amigo!
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