segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
A estrutura do desemprego
O processo de financeirização das economias capitalistas maduras, ou seja, o processo de aumento da importância dos agentes, mercados e motivos financeiros foi a principal transformação engendrada pela liberalização económica a partir da década de oitenta. O domínio do capital financeiro que circula sem entraves e o regime de política económica que lhe está associado à escala europeia têm gerado uma oscilação entre crises financeiras e económicas e níveis de crescimento medíocre. O poder e as exigências de um capital cada vez mais impaciente traduziram-se dentro da empresa numa aliança entre accionistas e gestores de topo para extrair bónus e dividendos à custa do esforço da esmagadora maioria dos trabalhadores, reduzidos a um mero custo a economizar. Isto tem gerado, à escala europeia, uma quebra dos rendimentos do trabalho a favor dos rendimentos do capital, um aumento das desigualdades salariais, uma quebra do investimento criador de capacidade produtiva adicional e um correspondente aumento do desemprego. Os crescentes lucros têm sido precisamente apropriados, sob a forma de dividendos, pelos impacientes accionistas com cada vez mais poder perante uma grande massa de trabalhadores cada vez mais desprotegida. Temos também assistido, à escala europeia e mundial, a desequilíbrios insustentáveis nas relações internacionais: modelos nacionais assentes no endividamento, que, em alguns casos, compensou temporariamente os efeitos negativos da estagnação salarial e do investimento na procura, tendo como contrapartida modelos exportadores agressivos, assentes na compressão salarial permanente e cujos excedentes são reciclados, mal reciclados, por mercados financeiros especializados em gerar bolhas. O aumento da presença e do controlo públicos do crédito ou a taxação das transacções financeiras são hoje a melhor forma de começar a responder, no campo das propostas, a esta desastrosa hegemonia do capital financeiro. Só quebrando-a é que podemos voltar a pensar num regime de pleno emprego, tal como vigorou antes da instituição de um regime dominado pela finança de mercado que tão bem servido uma minoria.
Enquanto o crédito não estiver totalmente em mãos públicas o roubo do milénio não terá fim.
ResponderEliminarCom todo este desemprego sem que o Estado faça algo de significativo para o combater a não ser atacar constantemente os desempregados ( e não só !)é de perguntar para que é que serve um Estado destes.?
ResponderEliminarO segundo anónimo tem razão: o estado não serve para quase nada. É mesmo verdade.
ResponderEliminarA criação de uma empresa em nome individual pode ser uma forma de escapar ao desemprego e à ganância de accionistas? É muito difícil criar uma? Os impostos são excessivos?
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