sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Economia da união

Ligações ao economista grego Yannis Varoufakis. Em primeiro lugar, informa-nos sobre a toxicidade das engenharias financeiras subjacentes ao fundo europeu, a tal “ajuda”, aspas, muitas aspas. Em segundo lugar, e mais importante, a sua “modesta proposta”, em co-autoria com Stuart Holland, economista britânico na Universidade de Coimbra, permitiria salvar o euro: alteração do papel do BCE, que deixaria de ser um comité executivo dos interesses colectivos do disfuncional sistema financeiro europeu, para passar a assegurar liquidez aos bancos em troca da aceitação por parte destes de títulos da dívida pública em condições mais favoráveis para os Estados, a chamada reestruturação da dívida; parte da dívida dos Estados, até aos famosos 60% de dívida no PIB, passaria a ser garantida pela emissão de euro-obrigações da responsabilidade do BCE, assegurando-se assim que os Estados pagariam taxas de juro mais baixas; reforço do papel do Banco Europeu de Investimento, um dos pilares da recuperação da economia europeia através da promoção do investimento. A questão é clara: se não caminharmos nesta direcção, o euro pode colapsar, vítima das suas neoliberais fundações, ou transformar-se num cemitério de economias. Estas ideias só podem avançar com pressão diplomática dos governos das periferias, em aliança com os que no centro já abriram a pestana, seja porque são federalistas, seja porque são pragmáticos. De que é que estão à espera?

4 comentários:

  1. É exactamente isso que tenho defendido: uma aliança entre os países da periferia com o apoio discreto da França, da Bélgica (já no radar dos "mercados") e do Luxemburgo para pressionar a Alemanha e os países do Norte e Centro da Europa.
    O seu objectivo será, exactamente, definir uma governação simultaneamente mais federal e menos neoliberal do Euro. Seria fundamental que se mudasse o estatuto do BCE: em lugar de defender apenas a estabilidade dos preços, deveria ter igualmente por missão defender o crescimento e o emprego, como a Reserva Federal dos EUA.

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  2. Federalismo sem refrendo, não. Os holandeses e franceses rejeitaram a constituição europeia. A Europa é um conjunto de diferentes comunidades políticas. Para ganhar uma malga de sopa aceitar uma via federal, de forma nenhuma. Essa pressão tem de se traduzir num novo tratado, não será assim? Falou-se de um novo tratado, como se fosse uma coisa banal. A democracia não exige um referendo? Os povos que rejeitaram a constituição não aceitarim essa solução.
    Quem se endividou de forma excessiva perde a independência política. Há uma relação entre as duas coisas.


    Jorge Rocha

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  3. Caríssimo amigo João Rodrigues,

    Os Estados Europeus não podem aceitar ser vulneráveis, estando nas mãos tóxicas das engenharias financeiras e dos investidores especulativos e, por isso, essa proposta de reestruturação do BCE para salvar o Euro do colapso iminente parece-me bem pertinente. Sem dúvida que os países mais renitentes à mudança são as potências centrais, Alemanha e França, que querem ser os timoneiros para que os outros países-membros da UE sejam os pequenos marujos que fazem o esforço maior. Não é, com efeito, esta Europa dividida a várias velocidades que tem sido o sonho dos fundadores e de todos os Europeístas convictos do projecto Europeu.

    Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
    www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

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  4. Não pode haver "uma" Europa no tempo das nossas vidas, mas uma comunidade de estados independentes. A Suécia e Dinamarca não o querem, a Polónia e República Checa tão pouco. A Grã-gretanha igualmente.Os portuguese espanhois também não o desejam, mas a aflição mantém as pessoas caladas. Não se trata de ser nacionalista mas de reconhecer a realidade. O factor nacional está longe de estar esgotado. Durante muitas dédadas será nos estados que reside uma ordem democrática. Quem não vê isso projecta uma idealização para qual não se construiram os alicerces. Perante a esmagadora derrota nos referendos de 2003 finge-se que não se passou nada. Os pais fundadores não podem desrespeitar a vontade das pessoas. Faça-se a proposta de um novo tratado e leve-se a referendo . Agora, não se aceita mais ausência de democracia e imposição dos educadores do povo que denunciam constantemente as elites.


    Jorge Rocha

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