"Importa assinalar a forma leviana, demagógica e superficial com que tem sido discutida, entre nós, a proposta do cheque-ensino. De facto, se todos os alunos de uma localidade, munidos do respectivo vale entregue pelo Estado, pretendessem frequentar a melhor escola que têm ao seu dispor, como ficaria a tão aclamada "liberdade de escolha"? Quem acabaria por escolher quem?
Não custa imaginar que, perante um aumento da procura superior à capacidade de oferta, as melhores escolas privadas (que pretendem legitimamente manter a sua reputação nos rankings) escolheriam os melhores alunos. Ao mesmo tempo que, com a transferência de fundos para o ensino privado, a pauperização e degradação das condições de financiamento e funcionamento das escolas da rede pública se veriam ainda mais agravadas, generalizando um sistema dual que hoje - apesar de todas as desigualdades económicas conhecidas - o sistema público tem, em certa medida, impedido."
(Do artigo de hoje, no Público)
Excelente artigo, caro colega geógrafo. Assino por baixo.
ResponderEliminara maior parte dos custos do público são custos fixos
ResponderEliminaras escolas privadas podem cortar facilmente nesses custos ou incrementá-los
e no número de turmas
houve muitas escolas privadas que ficaram com os alunos que mais ninguém queria
e não falo da casa do gaiato
logo essa conversa da excelência
também é demagogia do pior
cada um defende seus poleiros
é humano...é estúpido
mas é humano
o ensino público não
o cheque dentista também é demagogia
e serviu para alguns
a pauperização e degradação das condições de financiamento e funcionamento das escolas da rede pública se veriam ainda mais agravadas
ResponderEliminarhá 30 anos com menos recursos funcionavam praticamente na mesma
os recursos serviram para quê?
para o mesmo que as acções de formação de treta suponho?
serviram a alguns isso serviram
assim como as bibliotecas escolares
cheias a preço de ouro
com as sobras editoriais
que andam agora a saldo nas feiras
os livros de pedagogia feitos para o mercado discente e docente
nem às feiras chegaram
foram para cortes de papel
há escolas privadas com 486 e pentium's I
ResponderEliminaros das escolas públicas em melhor estado alguns deles
foram para o ponto electrão
do mesmo modo que 20mil máquinas de escrever eléctricas
que foram vendidas para sucata
nos idos anos 90
algumas com 5 anos
é precisamos desses recursos no público
já que não os podemos despedir
até as psicólogas escolares
são peritas nos quilomicrons
apesar de estarem mais do lado
dos quilomorons...
a demagogia dos professores jornalistas
a isenção também é demagógica
Fiquei baralhado.
ResponderEliminarComo as escolas passam a poder escolher os melhores alunos em vez dos alunos mais ricos (já que deixa de haver limitações económicas à escolha), isso limita a liberdade de escolha dos piores alunos, o que na sua opinião é intolerável porque o que é preciso que todos estejam nas mesmas escolas. É esse o argumento?
henrique pereira dos santos
PS E o que impediria a escola pública de ser melhor que a privada,como já hoje muitas vezes é?
O problema, caro Henrique Pereira dos Santos, é que por acaso os melhores alunos são - na maioria dos casos - os mais ricos (veja por exemplo o último Boletim Económico do Banco de Portugal).
ResponderEliminarE realmente nada impede as escolas públicas de serem tão boas como as boas escolas privadas (note, já agora, que nem todas as privadas são boas). A tendência para melhores resultados nas privadas decorre do facto de serem escolas de élite (como o eram, em larga medida, as escolas públicas do Estado Novo) e de se localizarem sobretudo (3 em cada 4) na faixa litoral Norte (a "região" mais desenvolvida do país).
Mas tem razão num ponto: a transfega de verbas do ensino público para o privado (como defendem os apoiants do cheque-ensino e da inclusão das escolas particulares no sistema educativo público) compromete seriamente o esforço de melhoria generalizada dos estabelecimentos públicos de ensino.
Já percebi o seu problema: quer impedir os bons alunos que não são mais ricos que escolher melhores escolas porque são uma minoria.
ResponderEliminarEste argumento já percebi.
Não percebo é porque razão é um problema desviar recursos para as melhores escolas (sejam elas públicas ou privadas porque oseu argumento de que as escolas privadas são melhores e mais requisitadas não está demonstrado).
O fundamental é haver bom ensino ou garantir escolas públicas?
Já reparou que ninguém se lembra de usar o mesmo argumento para as padarias, que garantem um bem mais essencial que a educação?
henrique pereira dos santos
Henrique, cinco notas:
ResponderEliminara) Uma vez implementado o cheque-ensino, não seriam os alunos a escolher as escolas mas sim as escolas (públicas ou privadas) a escolher os alunos (os melhores, naturalmente);
b) A aparente "liberdade de escolha" dos alunos produziria um sistema dual: bons alunos nas melhores escolas (públicas ou privadas), os outros nas restantes;
c) Uma escola não tem maus resultados necessariamente pelo facto de ter um mau desempenho (como referido, os contextos sociais em que se insere determinam em larga medida os resultados);
d) O papel do Estado não deverá ser, a meu ver, o de promover uma selecção natural de escolas, nem um sistema dual, mas sim o de capacitar os estabelecimentos de ensino para responderem de modo cada vez mais adequado ao meio em que se inserem;
e) A tendência para que as escolas privadas tenham melhores resultados decorre de razões em expostas no texto e as listas de espera das melhores demonstram o facto de terem uma ampla procura;
f) Fazer pão não há-de ser bem a mesma coisa que educar seres humanos. Pense um pouco nisso.
Mas esse problema seria resolvido MUITO FACILMENTE:
ResponderEliminarQuotas.. quotas da distribuição de alunos por escola.. cada escola tinha que ter X% dos alunos do 15 ao 20, Y% do 10 ao 15 e Z% de alunos que reprovam... qual é a dúvida?
não querendo entrar na discussão do cheque-ensino, o problema do sistema de quotas (qulquer que seja: negros, mulheres, etc) é que começa por um bom motivo e para repôr uma situação de desigualdade, acabando por provocar um discriminação em relação aos que entraram por quotas. ex: quotas de negros para entrar na universidade. parte-se do princípio (em bem) que, devido à História e ao meio onde vivem terão mais dificuldade em aceder no ensino superior, por isso facilita-se-lhes a entrada. até aqui tudo bem, algo próprio de um estado socialista. mas e aqueles negros que entraram por quotas, mas poderiam ter entrado por mérito próprio (irão sempre ser olhados como os coitadinhos que usaram a muleta do estado). eu sou mulher é penso que as quotas para mulheres só nos vem enfraquecer. se somos boas, somos mesmo, e não precisamos de um qualquer contingente a repôr a igualdade. o Estado não pode (nem pode querer poder) tudo.
ResponderEliminarO cheque ensino paga a totalidade das propinas? Isto é, uma escola privada fica proibida de juntar mais um suplemento à propina acima do cheque ensino?
ResponderEliminarSe ficar, não se entende como é que uma escola bem colocada no ranking vai seleccionar os alunos que recebe.
Se não ficar continua tudo na mesma com a diferença de que os ricos pouparão algum e as escolas privadas receberão um pouco mais...