Ironias da história económica em que não se repara porque furam os romances de mercado que nos puseram no buraco, mas que as elites continuam a consumir. Os bancos chineses são quase todos públicos e o seu sistema financeiro não foi no essencial liberalizado e também foi por isso que a China passou, até agora, incólume pelas crises financeiras.
Será que a Europa e os EUA, apostados no processo de liberalização financeira interna nas últimas décadas e tendo conseguido impô-lo a tantos países, via FMI e Banco Mundial, com os resultados que se conhecem – mais crises e menos crescimento, quando comparados com o período dos chamados trinta gloriosos anos do pós-guerra – terão algo a aprender com a China?
O país que mais cresceu nas últimas décadas nunca seguiu o chamado Consenso de Washington em matéria de regime financeiro e de propriedade. Estranho, não é? Será que se dirá no futuro que a chamada financeirização do capitalismo maduro sabotou as bases da hegemonia do centro da economia mundial?
Publicado no Arrastão
Como é que, abominando o sistema chinês, lhe reconhece tantos méritos?
ResponderEliminarQuer esclarecer?
João Rodrigues, faça idêntica analogia entre quaisquer 35 anos do regime de Salazar à sua escolha e os 35 anos de democracia. Estranho, não é? É o que dão as análises simplex.
ResponderEliminarPois, é uma hipotese, mas será que estamos a comparar coisas directamente comparáveis ? Salvo melhor opinião os ultimos trinta anos da China têm mais a ver com o perido pós guerra que com os ultimos trinta anos da Europa. Só agora a China se industrializou. Será que o potencial de crescimento dos processos de industrialização não é ele mesmo superior ao de outras dinãmicas económicas ? Fica o desafio para essa reflexão.
ResponderEliminarAs democracias desenvolvidas ocidentais não se industrializaram no pós-guerra, já se tinham industrializado antes. Os "trinta anos gloriosos" não resultaram da industrialização, mas sim de políticas económicas pragmáticas que tinham com certeza uma base teórica mas não endeusavam nenhuma ideologia.
ResponderEliminarO que se conclui daqui é deveras surpreendente: as mesmas políticas económicas que tiveram êxito nos regimes democráticos ocidentais estão agora a ter êxito na ditadura chinesa. O que não torna esta menos abominável, é claro; apenas mais eficaz.
Caro L Sarmento;
ResponderEliminarCostumo usar como critério de "industrialização" a altura a partir da qual o PIB gerado pelo sector secundário ultrapassa o do sector primário. Em Portugal foi em 1963. Aqui e agora não tenho dados para os restantes paises europeus. Mas julgo que a maioria deles só atingiu esse ponto já na segunda metade do sec XX.
"O que se conclui daqui é deveras surpreendente: as mesmas políticas económicas que tiveram êxito nos regimes democráticos ocidentais estão agora a ter êxito na ditadura chinesa."
ResponderEliminarPois nem mais. Mas näo acho surpreendente, antes pelo contrário! Surpreendente seria adoptarem políticas neoliberais, e elas funcionarem!
Os chineses näo säo parvos, só imitam o que dá resultado. Nunca pegaräo nos "Reagan-Thatchernomics", porque em 30 anos só deram... digamos "ricos mais ricos e o resto que se lixe a pagar as crises", e isso eles dispensam.
A América do Sul só começou a crescer novamente (e pasme-se, com paz social) desde o abandono do "Consenso de Washington" a partir de 2001. Kirchner, Lula, Bachelet, e outros.
O leitor Eduardo é que é muito simplex, porque esquece que Portugal teve a Lei do Condicionamento Económico, para näo industrializar "demais".
Só lê "reconhecimento de mérito ao regime chinês" quem quiser ler. Este artigo é um reconhecimento, no máximo, da validade do modelo kaynesiano-social democrata, indpendentemente de quem o pratica!!!
"até agora"
ResponderEliminarSinceramente trat-se de um tema que nunca analisei mas há quem pense que a situação não é assim tão brilhante.
http://www.businessinsider.com/the-chinese-banking-system-is-seriously-at-risk-2010-7