Num debate ontem realizado na Universidade Católica, Daniel Bessa admite poderem “ser precisos outros PEC”, uma vez que Portugal vai “entrar num período profundo de recessão, durante muitos anos”. Isto é, um dos grandes arautos das políticas recessivas (cortes salariais, privatização dos serviços públicos e redução da receita proveniente do IRC, entre outras), considera que a cura para a recessão é somar-lhe mais recessão, através do reforço de medidas que estiolam ainda mais o consumo.
No silêncio da argumentação ficam quaisquer referências ao papel da dinâmica especulativa dos mercados na situação actual, aos impactos da crise financeira nos orçamentos públicos, ou um apontamento que fosse sobre as disfuncionalidades assumidas do actual modelo de governação económica europeia.
A desfaçatez deste economista do regime, que não se detém um segundo que seja na análise da coerência e sustentação do que defende, faz lembrar aquele notável momento de Marcelo Rebelo de Sousa por ocasião do referendo sobre a despenalização do aborto. "Os PEC têm em vista a saída da crise?", "Sim" - "Podemos então esperar que eles invertam a recessão?", "Não" - "Mas se necessário deverão ser adoptados novos PEC...", "Sim" - "Não vê problema em que eles agravem a situação...", "Não".
Em 1880 os franceses descobriram que as suas poupanças podiam ter retornos favoráveis se emprestados ao antigo inimigo da Crimeia.
ResponderEliminarDurante 37 anos canalizaram poupanças para o urso russo
especulando e pedindo juros cada vez mais promissores
O problema é que deixaram de pagar aos credores, 90 anos depois os franceses exigiram pagamento simbólico e conseguiram-no
Duvido que compreenda a moral da história
Logo a desfaçatez e os ensaios sobre noções éticas bastante subjectivas....
ResponderEliminarEntão, de que é que os portugueses estão à espera para fazer uma espera ao Daniel Bessa e dar-lhe uma sova monumental?
ResponderEliminarSó falta o Nuno Serra dizer-nos onde é que arranja dinheiro para continuarmos na próxima semana a prosseguir as fantásticas políticas socialistas. O problema é que as políticas recessivas são necessárias porque, tem obrigação de o saber, não há outra saída. A não ser que queira pagar juros ao FMI. Diga-nos como sustentar o Estado que todos agradecemos. Encontrou petróleo?
ResponderEliminarCaro ولكن الخيول باهظة,
ResponderEliminarDuvida bem: creio não ter entendido a moral da história. Não detectei, pelo menos, nenhum argumento face ao que escrevi.
Caro Eduardo,
ResponderEliminarSuponho que não considere ser bom remédio obrigar compulsivamente um náufrago a beber água, certo? É essa irrazoabilidade em que, parece-me, incorre Daniel Bessa.
Quanto à dívida, ela existe certamente. É toda uma economia de endividamento iniciada com Cavaco Silva e, em larga medida, prosseguida com os governos que se lhe seguiram. Que nos últimos tempos a mesma se tem dilatado com a especulação dos mercados financeiros, também não oferecerá dúvidas a ninguém, certo?
Nuno
ResponderEliminarFiquei com algumas dúvidas:
1) As causas da dívida são essencialmente Cavaco Silva e a especulação? Os governos de Guterres e Sócrates, as PPPs, as empresas públicas, não são de considerar?
2) Será especulação que os credores exijam juros mais altos quando entre nós já discutimos a possibilidade de reestruturação da dívida? Se o governo português não mostrava vontade nenhuma de controlar o défice, porque haveriam os credores de nos emprestar a nós a uma taxa baixa se pela mesma taxa puderem emprestar a países que lhes dão muito mais garantias de pagar?
3) Qual seria a alternativa a estas políticas recessivas? Isso deixar-nos-ia melhor?
Carlos,
ResponderEliminar1)Notará, na resposta, que não deixei de fora os governos que se seguiram a Cavaco;
2) Como certamente se recorda, o défice português era, antes da crise, próximo dos 3% (em 2007, na Zona Euro, o défice público médio era de 0,6%). Algo que não tem propriamente que ver com o pretenso "problema estrutural do Estado e das políticas públicas" se terá passado, não acha?
3) A dívida, com a componente especulativa que lhe foi adicionada, paga-se com crescimento, que o aumento do consumo poderá suportar, não com recessão atrás de recessão. Veja o modo como os Estados Unidos, por exemplo, enfrentaram a crise. Veja o contraste com a opção que a Europa seguiu.
Parece que temos de ir além das palavras. UM movimento de notáveis não instalados que promovam um elan que nos "entusiasme" minimamente. Tem de haver solução a menos que nos suicidemos todos já...alguém que nos dê alguma esperança.
ResponderEliminarFS
Oh meus amigos!!! há alternativas!!
ResponderEliminarhá é que ter coragem para as implementar! e coragem não é ser forte com os fracos!! mas ir onde se pode buscar receitas!!
porque não há politicas contra offshore, porque os bancos pagam 5% irc e as pme pagam 25%????????????
haja juizo!! temos de produzir o que comemos, o que vestimos, o que somos!!!
temos de nos virar para paises que não nos considerem norte de áfrica, Chavez veio cá dar-nos trabalho, que outros amigos nos ajudem!!!!... com trabalho!!!
parece-me que anda tudo a ansioliticos....
em Portugal, na Europa... REVOLUÇÃO JÁ!!!
Entre Chavez e a recessão, acho que ficamos melhor com a recessão só.
ResponderEliminarperspicaz, sagaz, excelente
ResponderEliminarDB e os neoliberais criaram a "economia quântica": muda consoante a observaçäo, logo o que estamos a preenciar é apenas uma das realidades possíveis.
ResponderEliminarNuma outra realidade, o paradigma neoliberal está a resolver a crise, aliás, nem crise existe.
No seguimente do que disse o Diogo, ninguém na plateia lhe fez o reparo presente neste excelente artigo? Seria interessante ver o fusível a queimar...