“Dizem que os portugueses vivem acima das suas possibilidades, mas quem é que vive acima das suas possibilidades? Os desempregados? Os 57 por cento de portugueses que vivem com 900 euros por mês? É preciso dizer quem é que vive acima das suas possibilidades. Nós temos um programa de endividamento que nos tira autonomia de decisão, sobretudo no estado em que se encontra a Europa. Nós aderimos a uma Europa de crescimento, de prosperidade social partilhada. Neste momento temos uma Europa em que a Alemanha ditou políticas de austeridade. Isso leva à recessão.”
Manuel Alegre
Amanhã (dia 26) estarei no Porto a debater a crise económica e as alternativas com António Figueiredo e José Carlos Ferraz. O debate começa às 21h30m e terá lugar na sede candidatura de Manuel Alegre (largo Tito Fontes, metro Trindade). Uma iniciativa da Comissão de apoio da candidatura de Manuel Alegre. Apareçam.
Um país que tem uma das maiores redes de auto-estradas da Europa e que se prepara para construir um TGV vive certamente acima das suas possibilidades! Quem é que aprovaria tais obras mesmo quando já era óbvio que não havia dinheiro sequer para as prestações sociais mais básicas? Só os grandes bancos, as construtoras e que partidos?
ResponderEliminarCaro Carlos Albuquerque:
ResponderEliminarMesmo que o país viva acima das suas possibilidades no cômputo geral, subsiste a questão de saber quem contribui no particular para esta situação. Você mesmo dá parte da resposta quando menciona os grandes bancos, as construtoras e os partidos. E de entre estes, acrescento eu, os que pouco mais são do que braços políticos dos interesses económicos.
A resposta a esta questão, sendo em si mesma um juízo de facto, suscita uma outra a que só podemos responder por um juízo de valor: de entre as várias austeridades possíveis, qual é a mais justa, ou a menos injusta?
É politicamente impossível deixar esta questão sem resposta: nenhuma política viável pode ser formulada, e muito menos executada, se for baseada unicamente, quer nos factos, quer em valores. O lugar geométrico da política está na zona de intersecção dos factos e dos valores. Se assim não fosse, a política seria meramente uma técnica.
Todas as decisões políticas, incluindo a austeridade, levam a que alguém perca e a que alguém ganhe. Nunca estamos todos no mesmo barco. A relevância da moral na política decorre da pergunta que todos (particularmente os que perdem) inevitavelmente farão: se quem ganha merece ganhar e se quem perde merece perder.
Caro José Luiz
ResponderEliminarEstou de acordo consigo.
Não tenho dúvidas quanto à injustiça das medidas que estão a ser tomadas. Quer porque poderiam ter sido perfeitamente evitadas, quer porque mesmo no momento actual seria possível proteger muito mais os mais desfavorecidos.
O que me leva a ser crítico é ver que aqueles partidos que pelo seu posicionamento político deviam procurar a justiça (PS, BE, PCP) ou têm sido os que mais têm contribuído para destruir o estado social (claramente o caso do PS de Sócrates) ou têm andado tão entretidos a sonhar com a política europeia e internacional, que vão deixando arruinar as finanças nacionais.
No meio disto não percebo o que anda a fazer e a dizer Manuel Alegre.
CA em que é que o PCP ou o BE têm destruído o estado social???
ResponderEliminarOnde é que o MAlegre defendeu a politica de esquerda??? só se lembram dos votos dos comunistas quando em eleições presidenciais querem o seus votos para assim poderem ser eleitos (Soares, Sampaio)!!!
não me lixem!!!!
"Nós aderimos a uma Europa de crescimento, de prosperidade social partilhada."
ResponderEliminarEssa não, essa só contaram pra você.
"CA em que é que o PCP ou o BE têm destruído o estado social???"
ResponderEliminarMaria, o BE e o PCP não têm destruído o estado social. Essa referência é para o PS.
O que o BE e o PCP têm feito é apoiar obras faraónicas ao gosto de Ricardo Salgado e companhia. E nisso contribuiram para o agravamento da situação financeira do estado. Na hora da dificuldade vê-se agora bem quem é que vai pagar para que essas obras avancem.
Neste momento haveria que escrutinar o orçamento e procurar formas de redução de despesa que não penalizassem os mais fracos. E "entrar" mediaticamente nesta reunião PS/PSD, com argumentos sérios e contas bem feitas. Isso é o que eu esperava de quem tem influência política e defende os mais desprotegidos.
Agora acusar o mundo inteiro sem ver as asneiras (a raiar o criminoso) que cá dentro se fazem, pode ser confortável mas é um bom serviço aos beneficiários do regime que temos vivido.
O amigo Carlos Albuquerque não chega a perceber que, mais do que o problema da austeridade ser assimétrica, é a austeridade em si que está errada. É a austeridade em si que é caminho para o desastre. Quanto mais assimétrica a favor dos mais ricos pior, mas é a própria austeridade que é o erro económico mais sério.
ResponderEliminarTiago
ResponderEliminarDe onde vem o dinheiro que o Estado gere com o Orçamento Geral do Estado?
É que um Estado que gasta mais 10% do que recebe está necessariamente à mercê dos credores, perde independência. E quando os credores exigem contenção nos gastos, esse estado pode aceitar ou largar e reduzir-se quando muito a um défice zero e ficar sem crédito.
A única margem de manobra que Portugal tem neste momento enquanto país independente é gerir a austeridade, não é evitá-la.
Pode o Tiago perguntar-se como é que chegámos a este ponto em que perdemos a independência económica. A resposta é que andamos há demasiado tempo a imaginar que as auto-estradas e pontes e TGV's nos vão levar a algum lado. Para isso endividámo-nos até não podermos mais. Nem a economia cresceu nem temos independência.
Quem conduziu e apoiou este caminho devia começar a avaliar o que se fez. A menos que as ideologias sejam mais importantes do que as consequências para aqueles que dizemos defender.