«Temos de tomar decisões estratégicas sobre sectores estratégicos», afirmou Obama em Maio de 2009. No auge da crise, ficava assim decretado o regresso oficial das políticas dirigidas a actividades produtivas específicas, neste caso sob a forma de apoios maciços do governo federal americano ao sector bancário e à indústria automóvel. Medidas semelhantes eram anunciadas por governos de todo mundo, dirigidas àqueles e a outros sectores de actividade, e apresentadas como essenciais ao desenvolvimento económico de longo prazo dos respectivos países.
O regresso em força da política industrial ao discurso oficial dos países desenvolvidos assume contornos de descontinuidade histórica, após três décadas de hegemonia neoliberal no debate sobre a intervenção do Estado no tecido produtivo (em que as únicas políticas tidas como legítimas eram as ditas ‘horizontais’). Na verdade, os governos nunca se abstiveram de intervir no sentido de promover as condições favoráveis ao desenvolvimento económico, muito para além do exercício das funções minimalistas de regulador e de garante do cumprimento da lei. Por trás da retórica sobre a superioridade dos mecanismos de mercado na afectação de recursos, poucos foram os países que abdicaram de apoiar o desenvolvimento e a expansão das actividades com uma procura mais dinâmica e com maior potencial de crescimento da produtividade. Nos próprios EUA, o sucesso de sectores como a aeronáutica, as tecnologias de informação, a farmacêutica e a biotecnologia – actividades de elevado valor acrescentado onde o domínio americano persiste a nível mundial – é indissociável dos apoios do Estado, canalizados de forma mais ou menos discreta, por agências públicas ligadas aos sectores da saúde e da defesa.
Talvez tenha chegado o tempo de dispendermos menos energia a dicutir se a política industrial deve ou não existir – ela é um facto – e concentrarmo-nos antes na discussão das condições necessárias para que tal política seja eficazmente colocada ao serviço do desenvolvimento sustentado do(s) país(es).
Caro Ricardo,
ResponderEliminarVou fazer link.
Obrigado.
Abraço.
Ricardo,
ResponderEliminarDiria que a Exposição «Portugal a Produzir» no Pavilhão Central da Festa do «Avante!» (que corresponde a uma iniciativa nacioanl que irá decorrer até Junho de 2011) te motivou para mais um oportuno "post". ;)
Abraço!
Ricardo,
ResponderEliminarnão tive oportunidade de ir a essa exposição. Não queres aproveitar para dizer de que se trata?
Trata-se de uma exposição que aborda historicamente o potencial pordutivo nacional, a sua destriução e a valorização do mercado interno e contribua positivamente para o grave problema da dependência externa. Da necessdiade de Portugal assumir uma política industrial, energética, agrícola e de pescas, que promova a produção nacional, o
ResponderEliminarpotencial ainda existente e os bons exemplos de capacidade produtiva nacional, sem qualquer complexos. Devo acrescentar, com muita satisfação, que os "industriais" que abordámos a solicitar a colaboração aderiram com muito entusiamo à iniciativa.
É uma exposição que durante os próximos 9 meses deve percorrer todos os distritos do país e que deverá ser acompanhada de debates.
Um modesto contributo para a construção da alternativa e da política alternativa.
Abraço!