segunda-feira, 20 de setembro de 2010
O mito do comércio livre
O Ricardo Paes Mamede assinalou num post abaixo como a política industrial nunca deixou de ser seguida pelos campeões do comércio livre, com os EUA à cabeça. Esta peça da Economist sobre a indústria aeronáutica comercial é bem instrutiva. As duas grandes empresas deste mercado, Boeing e Airbus, beneficiam de muitos milhões de apoio público, disfarçado das mais diferentes formas. Claro que os EUA e os países europeus por detrás da Airbus correm à OMC (Organização Mundial do Comércio), queixando-se, como virgens ofendidas, da concorrência desleal. Estas queixas não são mais que um simulacro do livre-cambismo. O problema está quando em conflito se encontram países com recursos muito diferentes. Aqui, o livre-cambismo é o proteccionismo dos mais fortes.
Quem segue de perto o mercado da aviação sabe muito bem que o mercado pode ser livre em muita coisa, mas na construção de aviões não o é certamente.
ResponderEliminarA Boeing já foi salva directa (benefícios fiscais, p.e.) ou indirectamente (nomeadamente por encomendas militares de grande monta, em alturas de encomendas civis mais reduzidas) da falência pelo menos uma meia-dúzia de vezes, quer por vários Estados, quer pelo Governo Federal dos EUA.
Existe vasta literatura científica sobre os casos da Airbus/EADS e da Boeing para quem estiver interessado em aprofundar o tema.
E para variar, os EUA falam, falam, queixam-se à OMC por tudo e por nada, mas ainda outro dia a CAF (basca) ganhou um concurso para fornecer novo material circulante ao metro de Boston e até o protótipo teve que ser feito nos EUA, porque o que eles tinham feito em Espanha foi rejeitado por não ser americano.
Mas os outros é que são proteccionistas.
Ah, e já agora podiam ter arranjado uma foto mais recente da frota da Airbus... :)
ResponderEliminarO Nuno Teles tem duas folhas de papel. Uma está toda riscada. A outra tem apenas um traço. Alguém critica a folha que está toda riscada. O Nuno Teles diz que a outra folha também tem um traço.
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