Hoje, no Parlamento, os números do INE relativos a 2008 (alguém me explica este desfasamento temporal?) sobre pobreza estiveram em debate. Sócrates vangloriou-se de uma redução de 0,6% da taxa de risco de pobreza, conseguido sobretudo através da diminuição do risco de pobreza entre os idosos. Já em 2008 aconteceu o mesmo. Recupero este post que escrevi na altura sobre a redução da taxa de pobreza em 2006 para explicar como as estatísticas podem enganar.
O que aconteceu em 2008 foi provavelmente o mesmo. O limiar de pobreza (60% do rendimento mediano) passou de 406 para 414 euros, um aumento de 1,97%. Ora, a taxa de inflação foi em 2008 de 2,67%. Ou seja, em termos reais o rendimento mediano caiu -0,7%. O rendimento real dos 50% mais pobres caiu.
No entanto, com aumentos de 2,4%, os pensionistas mais pobres tiveram aumentos superiores ao do rendimento mediano, embora ainda abaixo da taxa de inflação (-0,2%). O seu rendimento caiu em termos reais, mas aproximou-se mais da mediana. Conclusão, houve mais gente acima do limite dos 60%, ainda que a sua situação real tenha piorado.
Mais interessantes são os dados sobre a intensidade da pobreza, distância percentual do rendimento mediano dos indivíduos em risco de pobreza face ao limiar de pobreza, que se manteve e a intensidade de privação material, baseado num “conjunto de nove itens representativos das necessidades económicas e de bens duráveis das famílias”, fixada em 23% da população nacional em privação material. Não há muito para comemorar no retrato de Portugal pré-crise, pois não?
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ResponderEliminarSócrates regozijou-se pela redução em poucas décimas das desigualdades sociais, mas, é tão ínfima a redução, que não tem qualquer significado nem retira o nosso país “socialista” e "social democrata”, se atendermos aos partidos que nos têm governado desde o 25 de Abril, do lugar cimeiro que ocupa no vergonhoso ranking das desigualdades sociais.
ResponderEliminarO nosso artificioso primeiro-ministro, mais uma vez, enfatiza o que é insignificante e desvaloriza o que é significativo.
Sobre o desfasamento temporal: o inquérito vai para o campo entre Maio e Junho de cada ano e inquire sobre rendimentos do último ano completo. A recolha de 2010 já deve ter terminado sobre dados de 2009, mas a informação deve estar só agora a iniciar o circuito de validação, tratamento e análise. Daqui a cerca de um ano será divulgado o relatório. Segundo sei no INE não abandam recursos competentes nestas matérias para agilizar mais o processo.
ResponderEliminarAs alterações na forma como a informação estatística é publicada é, no mínimo, questionável. É certo que os aprefeiçoamentos e o rigor são sempre desejáveis, no entanto os títulos dos Destaques e o conteúdo político que lhes é dado retiram a credibilidade que o INE tem que ter. Porque é que não referem que a correcção dos dados provisórios publicados há um ano levou a que afinal de 2006 para 2007 a taxa de pobreza após transferências se tenha agravado? É que há um ano era de 8% e agora passou a ser 8,5%. Assim há um ano teria sido de 9% (conforme a apresentação em unidades). Estas incongruências são pouco inocentes, prinicpalmente num tempo em que a comunicação tem o peso que tem na formação das opiniões e acções colectivas.
ResponderEliminarPortugal da reservas de ouro como garantia ao BIS:
ResponderEliminarhttp://www.marketoracle.co.uk/Article21083.html
http://www.gata.org/node/8825