domingo, 27 de junho de 2010

A longo prazo ... estaremos todos mortos

Mais uma vez Krugman:

Por que é que não devemos centrar-nos no ciclo económico? Sofremos a mais grave recessão desde a Grande Depressão; em termos de desemprego e capacidade produtiva subutilizada, praticamente ainda não recuperámos nada do que perdemos. Milhões de pessoas querem trabalhar e estão parados por falta de procura; deixemo-los ficar inactivos e então transformaremos isto num problema estrutural, de longo prazo, quando neste preciso momento o que temos pela frente é um problema de curto prazo, um problema de ciclo económico.

Portanto, dizer que devemos centrar-nos no longo prazo, e não preocuparmos as nossas cabecinhas com coisas triviais como a taxa mais alta de desemprego desde a Grande Depressão, pode parecer sabedoria—mas na realidade é loucura.

Ah, e só mais uma coisa … sobre uns quantos políticos e economistas: a tentativa de afastar a discussão do curto prazo não é, como frequentemente se ouve, um acto de visão ou de coragem. Pelo contrário, é um acto de cobardia, uma tentativa de fugir à responsabilidade pelo desastroso estado de coisas que está nas nossas mãos eliminar, e escolhemos não o fazer.

9 comentários:

  1. Lembro-me sempre da primeira vez que dei por João César das Neves, há já uns anos largos a discutir os problemas da globalização:

    "isto são só as dores do crescimento, daqui a 500 anos estamos todos bem"

    Hoje em dia tenho a certeza de que ele não estava tentar ser cómico.

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  2. Chocante

    http://5dias.net/2010/06/27/decreto-de-lei-n-%C2%BA-702010-de-16-de-junho/

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  3. Pois é... Aqui está um diagnóstico bem feito, mas como de costume falta a segunda parte, que é a solução. Se formos pela cartilha deste blog, resolvemos o problema da procura através de mais estado e através de um ataque à força empresarial privada, substituindo-a por mais intervenção central na economia.
    O problema é que isso já foi tentado e durou 50 anos até implodir, aliás continua a ser tentado para os lados da Venezuela, com os resultados já visiveis. Diga lá então qual é a solução para aumentar o lado da procura no recurso trabalho?

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  4. 1. De facto, dar o nobel da economia a Krugman não lembra nem ao menino jesus. Colocar um nabo destes ao lado de nomes como Milton Friedman ou Robert Lucas é um insulto à história.

    2. Como é que é possivel que ainda haja economistas (economistas sem história só pode) que ainda não tenham percebido que os resultados positivos do Nem Deal deveram-se ao facto de, por um lado se estar a gerar trabalho não qualificado para Americanos que estavam dispostos a aceitá-lo (porque não tinham um estado social que lhes assegurasse qualidade de vida sem emprego), e por outro investiu-se em obras estruturantes com grandes externalidades positivas.

    Adicionalmente há outros 2 importantes factores a considerar:

    Aquando da implentação do New Deal, a economia estava de rastos mas o governo dos EUA tinha dinheiro e grande capacidade de endividamento disponivel (o que não é o caso hoje em dia).

    Para mais, não foi o New Deal e o Keynesianismo que tiraram os EUA da grade depressão, foi a destruição das economias europeias e japonesa durante a 2ª guerra mundial.

    3. "In the long run we are all dead"

    Sure we are, what about our kids?

    Este é o problema da democracia, as gerações futuras não votam. Por isso temos taxa de poupança muito inferiores ao desejável. Um sistema de educação muito inferior ao desejável. E ainda se fazem gastos vão ser pagos pelos nossos netos e bisnetos, mesmo que estes nunca venham a usufruir de quaisquer beneficios.

    5. Krugman defende que os EUA devem procurar sair desta recessão com um estimulo do consumo porque considera que a recessão é puramente ciclica.

    Ora aqui a situação nos EUA e na Europa são muito distinctas.

    Nos EUA aconteceu o rebentamento de uma bolha financeira, portanto uma grande parte do decrescimo no produto deve-se ao desaparecimento de valor que nunca sequer existiu, e não ao facto de economia estar a funcionar com um taxa de desemprego acima da natural.

    No entanto, a quebra da economia deve-se também em parte à espiral negativa provocada pelo rebentamento da bolha e portanto existiria, em teoria, espaço para o governo procurar "atenuar" a crise através de politicas economicas expansionistas. Neste caso o que é relevante avaliar é como é que essas politicas seriam conduzidas. O sucesso (ou não) de uma politica expansionista deve-se à forma como o estado gasta dinheiro e não simplesmente ao facto do estado gastar dinheiro. Até Krugman é um economista preguiçoso, por só diz que quer gastar dinheiro e não diz como.

    A questão hoje em dia é que o governo dos EUA, apesar de não estar ainda no mesmo estado financeiro dos PIIGS, também não tem grande margem de manobra financeira. Portanto qualquer politica expansionista resultaria quase inevitavelmente na expectativa de mais impostos ou de cortes na despesa a curto prazo, ou de mais inflação se a expansão for monetaria. E digo quase inevitavelmente porque considero que mesmo assim há excepções, como me parece ser o caso da reforma da saúde que ao gerar a expectativa de grandes externalidades positivas poderá eventualmente representar um caso de despesa publica util. E mesmo neste caso só daqui por uns anos poderemos avaliar seriamente os resultados.

    Concluindo, a crise, mesmo nos EUA, é em grande parte estrutural uma vez que a quebra no produto se deve ao desaparecimento de "falso valor" gerado por uma "falsa economia" que não mais voltará, pelo menos sob a mesma forma.
    Em segundo lugar, o governo dos EUA não está em condição financeira de conduzir grandes politicas expansionistas contra-ciclicas. Poderá haver excepções, mas sobre isto Krugman não tem ideias, a sua única ideia é apelar à despesa.

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  5. 6. Já o caso Europeu é radicalmente diferente. No caso Europeu, ainda que a situação varie bastante de país para país (e sem grande exagero existam exemplos para todos os gostos), na Europa o problema é sobretudo estrutural. A generalidade dos países europeus tem vindo enfrentar perdas de competitividade face aos EUA e á Asia, niveis de poupança decrescentes, desemprego estrutural elevado, e os governos a fazerem cada vez mais despesa publica para substituir a decrescente procura privada. Isto há mais de 10 anos, e em Portugal há bem mais de 20.
    Como se vê pelos niveis galopantes de divida publica e defices muito superiores à taxa de crescimento das respectivas economias (situações estas que já vinham detrás e não começaram com a crise), estas politicas insustentaveis teriam que ter um fim, a crise financeira só adientou o inevitavel.

    Como se não bastasse ser uma loucura tentar combater problemas estruturais com remedios contra-ciclicos, nem se os problemas fossem ciclicos teriamos remedios à disposição, pelo menos no caso PIIGS. Veja-se o exemplo de Portugal, se o governo quisesse gastar mais dinheiro, onde é que o ia buscar?

    7. O que é importante é conduzir boas politicas economicas. As boas politicas economicas produzem bons resultados no curto e no longo prazo. Politicas economicas que prometem grandes amanhãs ignorando o impacto presente são de facto irresponsaveis. Mas também são irresponsaveis politicas que procuram o bem estar hoje como se não houvesse amanhã.

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  6. Definitivamente.
    Pai Natal não.!!!!!!!

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  7. Ó anónimo da treta:
    Porque é que voçê não é capaz de esgrimir um argumento em vez de criticar. Diga ao menos porque não concorda com os comentários alheios e exponha o seu ponto de vista. Ou não é sequer capaz de fazer isso??

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  8. Ó Carlinhos não se irrite que a vida são dois dias e o Carnaval são três e quando você der por isso já está a prestar contas ao maior.
    Mas já que quer esgrimir direi que gostava muito mas não posso porque a minha espada- de lamina de Toledo - está romba.
    Quanto ás tretas, desculpe lá mas vocés - os neoliberais - são os grandes campeões.!!
    Por isso, Carlinhos, deixe-se lá de tretas e veja se olha á sua volta e vê com olhes de ver a triste realidade que o rodeia.!

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  9. Uma área para os States aplicarem um New Deal expansionista? A Electricidade. A Rede Eléctrica Americana não está muito longe dos tempos do telégrafo. E podiam pensar também na Água que está a acabar nalguns estados.

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