«(…) a baixa da taxa de juro não é necessariamente uma benesse. Tudo depende do que vamos fazer ao crédito. E, com uma taxa de câmbio desajustada, como nós tínhamos, foram criados incentivos para a aposta no sector não transaccionável, o que criou a dívida insustentável que temos agora.»
«Mesmo que [uma queda de 20 a 30% dos salários] fosse socialmente exequível, a medida acabaria por ser ineficaz. Repare que o conteúdo de salários das exportações é de 30%. Se, por absurdo, se cortasse 30% nos salários, a nossa competitividade apenas aumentava 9%. Bastava uma oscilação do dólar para essa vantagens desaparecer.
«É melhor pensar em coisas exequíveis, como negociar com a Europa uma forma de alterar as instituições (…). Não tenhamos ilusões: se não conseguirmos uma alteração do enquadramento da Zona Euro, não estaremos muito mais tempo dentro dela.»
«A Europa não percebe que quantos mais planos de austeridade fizer mais ataques especulativos ela vai sofrer.»
«(…) sou completamente contra a ideia de um orçamento equilibrado. Não há nenhuma justificação política ou económica para que um país não tenha qualquer défice, e por isso também estranho que alguns partidos, mesmo de Esquerda, admitam a hipótese de inscrever na Constituição um limite para o endividamento.»
João Ferreira do Amaral, em entrevista ao Jornal de Negócios. Há quem insista em manter a lucidez, quando quase todos embarcam em discursos ideológicos mascarados de sensatez.
(Já agora, numa linha não distante desta, ver a entrevista de Stiglitz ao Le Monde: «A austeridade leva ao desastre».)
Vou fazer link daqui a instantes, Ricardo.
ResponderEliminarAbraço.
O crescimento não pode ser infinito uma vez que depende de recursos finitos... no entanto, o economista mafioso defenderá sempre o crescimento perpétuo... e defenderá sempre o endividamento em função do crescimento do PIB expectável... porque o verdadeiro objectivo é levar as nações à ruína... quando o PIB não crescer de acordo com aquilo que era esperado!!! [nota: nessa altura já os maiores activos do país terão sido conduzidos para os mega-capitalistas mundiais - e os Estados com elefantes brancos, não rentáveis, nas mãos]
ResponderEliminarMais:
1- O proteccionismo permitia a sobrevivência de muitos países...
2- Uma 'Golden Share' do Estado... permite ao Estado ter uma atitude interventiva... e não ser uma mera figura decorativa....
---> Os (mafiosos) zelosos anti-proteccionismo e anti-'Golden Share' andam agora por aí vangloriar-se da existência de países falidos e inviáveis... porque o seu verdadeiro objectivo sempre foi levar determinadas identidades ao desaparecimento!
Pelo legítimo direito ao separatismo: BLOG SEPARATISMO 50-50
"negociar com a Europa uma forma de alterar as instituições"
ResponderEliminarAlterar quais instituições, precisamente, e em que sentido? Ou seja, que alterações a quais instituições é necessário fazer?
Luís Lavoura
"o conteúdo de salários das exportações é de 30%"
ResponderEliminarE os restantes 70%, o que são? São importações? Não ficam eles também em boa parte, de uma forma ou de outra, no país?
Esse número 30% parece-me impossivelmente baixo.
É que, quando se fala de baixar os salários, não se está a falar apenas dos salários dos trabalhadores braçais, mas sim de todos os salários, incluindo os lucros dos patrões, as rendas pagas a senhorios, etc etc etc. A baixa dos salários tem que, por definição, abranger uma baixa de todos os custos portugueses.
Luís Lavoura
Estejam atentos à intervençã do deputado Agostinho Lopes que, esta tarde, vai fazer uma intervenção política motivada pela publicação desta entrevista. Assim, pode ser que aquilo que alguns dizem há muito seja ouvido...
ResponderEliminar1.«Hoje é relativamente consensual que a entrada na zona euro foi a principal razão da perda de competitividade.»
ResponderEliminarConsensual entre quem? O Zé Socrates e a sua pandilha?
Alguém acredita que a economia Portuguesa era mais competitiva se não estivessemos no euro? Será que acham que era boa politica ter continuado com as desvalorizações competitivas nos ultimos 10 anos, em vez de termos entrado no euro?
Para ser competitivo é preciso produzir mais barato que os outros, produzir com mais qualidade que os outros, ou produzir algo que mais ninguém produz. Ora em Portugal, pouco se faz de competitivo.
O facto de termos aderido ao euro a uma taxa de cambio mais alta do que a que teoricamente deveria vigorar, é um problema apenas no curto prazo, pois ao longo do tempo os preços ajustam. E se não ajustaram mais foi apenas e só devido à procura governamental que provocou um nivel de crescimento absolutamente artificial e insustentavel.
2."foram criados incentivos para a aposta no sector não transaccionável, o que criou a dívida insustentável que temos agora.»"
Isto é verdade, mas não esqueçamos que o maior investidor no sector não transacionavel foi e continua a ser o estado.
3.Mudar as instituições europeias? Mas o que é que querem mudar? Concerteza que não estão à espera que os paises mais ricos continuem a injectar dinheiro nos mais pobres, sem fazer perguntas e sem controlar os seus orçamentos? A questão é que para controlarem os orçamentos tem que haver uma cedencia de soberania que os paises perifericos não estão dispostos a aceitar.
Era com todo o prazer que entregava as chaves deste país a Berlin, mas não consta que a maior parte dos Portugueses alinha-se nisso!
4.«A Europa não percebe que quantos mais planos de austeridade fizer mais ataques especulativos ela vai sofrer.»
A sério? Isto é uma afirmação que não faz qualquer sentido? Os ataques especulativos ao euro, bem como às obrigações dos PIIGS, devem precisamente aos níveis de divida insustentavel. Lá porque em Portugal e na Grécia a austeridade só já não chega, há ainda outros países da zona euro que ainda podem resolver o problema apenas com medidas de austeridade.
5. Não ha nenhuma razão para os paises não terem defices ocasionais e moderados, e como ja escrevi em comments anteriores, é até benefico que os governos mantenham um determinado nivel (baixo em percentagem do PIB) de divida publica.
Agora há muitas razões, e a maior parte delas bem obvias, para os governos não incorrerem em niveis de endividamento insustentavel, como acontece hoje em dia na europa.