Uma das empresas cuja privatização está prevista no Programa de Estabilidade e Crescimento é a Caixa Seguros e Saúde – SGPS, uma holding que inclui várias empresas: Companhia de Seguros Fidelidade Mundial, Império Bonança, Companhia Portuguesa de Resseguros, Cares, Via Directa, Garantia, GEP ou EAPS.
Duas destas empresas Grupo, a Fidelidade e a Bonança, detinham em 2007 mais de 25% da quota do mercado segurador (Fidelidade, 21%), um mercado oligopolístico, em que os 5 maiores grupos já controlavam em 2007 mais de 72% da quota de mercado. A holding é lucrativa e contribui com 632 milhões para o produto da CGD.
Assim, a alienação do Grupo Segurador da Caixa Geral de Depósitos não significa apenas uma perda de receita mas também promove a concentração ainda maior do sector segurador ao mesmo tempo que elimina ou reduz drasticamente a presença do Estado no Sector Segurador. Estes dois factores conjugados contribuem fortemente para facilitar práticas de concertação entre os principais grupos, favorecendo a exclusão pelos preços ou pelas regras de acesso de um número crescente de cidadãos. Este facto é tanto mais grave do ponto de vista social, quanto mais constatarmos que muitos seguros são requeridos porque a sua subscrição é obrigatória, como acontece na compra de habitação ou automóvel, ou em muitas actividades profissionais.
Por outro lado, a privatização de uma holding da Caixa Geral de Depósitos gera um precedente extraordinariamente importante, que nem a Direita se tinha atrevido a formular. Na realidade, Pedro Passos Coelho já se tinha pronunciado a favor da privatização da CGD. No entanto, após a crise financeira, rapidamente reviu o seu discurso, em face da evidente importância que teve o banco público na salvação e na estabilização do nosso sistema financeiro.
É por isso que é extraordinário que seja precisamente num momento em que a importância de um forte grupo financeiro público é demonstrada à saciedade, que o PS venha abrir a porta e concretizar um precedente que até hoje não tinha saído de alguns comentários de ultra-liberais mais ou menos exóticos.
Mas este programa de privatizações tem confirmado a inclinação que o PS tem demonstrado para ser mais papista do que o papa. Num artigo recentemente publicado no Jornal de Negócios, podemos constatar que os anos em que o ritmo de privatizações foi mais intenso foram precisamente anos de governo socialista (1995-2000). Neste como noutros domínios, o PS não deixa os seus créditos liberais por mãos alheias.
Duas destas empresas Grupo, a Fidelidade e a Bonança, detinham em 2007 mais de 25% da quota do mercado segurador (Fidelidade, 21%), um mercado oligopolístico, em que os 5 maiores grupos já controlavam em 2007 mais de 72% da quota de mercado. A holding é lucrativa e contribui com 632 milhões para o produto da CGD.
Assim, a alienação do Grupo Segurador da Caixa Geral de Depósitos não significa apenas uma perda de receita mas também promove a concentração ainda maior do sector segurador ao mesmo tempo que elimina ou reduz drasticamente a presença do Estado no Sector Segurador. Estes dois factores conjugados contribuem fortemente para facilitar práticas de concertação entre os principais grupos, favorecendo a exclusão pelos preços ou pelas regras de acesso de um número crescente de cidadãos. Este facto é tanto mais grave do ponto de vista social, quanto mais constatarmos que muitos seguros são requeridos porque a sua subscrição é obrigatória, como acontece na compra de habitação ou automóvel, ou em muitas actividades profissionais.
Por outro lado, a privatização de uma holding da Caixa Geral de Depósitos gera um precedente extraordinariamente importante, que nem a Direita se tinha atrevido a formular. Na realidade, Pedro Passos Coelho já se tinha pronunciado a favor da privatização da CGD. No entanto, após a crise financeira, rapidamente reviu o seu discurso, em face da evidente importância que teve o banco público na salvação e na estabilização do nosso sistema financeiro.
É por isso que é extraordinário que seja precisamente num momento em que a importância de um forte grupo financeiro público é demonstrada à saciedade, que o PS venha abrir a porta e concretizar um precedente que até hoje não tinha saído de alguns comentários de ultra-liberais mais ou menos exóticos.
Mas este programa de privatizações tem confirmado a inclinação que o PS tem demonstrado para ser mais papista do que o papa. Num artigo recentemente publicado no Jornal de Negócios, podemos constatar que os anos em que o ritmo de privatizações foi mais intenso foram precisamente anos de governo socialista (1995-2000). Neste como noutros domínios, o PS não deixa os seus créditos liberais por mãos alheias.
De facto, o PS quanto a ideologia, só tem o nome. O resto, foi-se com os tempos e é mau.
ResponderEliminarSendo que, não podemos ao constatar isto, unicamente - mais do mesmo, de sempre e como sempre - criticar, dado que isso tem sido feito há muito, por uma determinada esquerda,esquerda, que não será governação e sempre pela direita quando quer atacar o PS por este fazer o que ela faria.
Talvez deixar sempre sugestões possiveis e passíveis de serem cumpridas num mundo em que o termo Globalização tem unica aplicação na Economia, em tudo o resto, não há Globalização, e teremos todos sem violência, que ir por aí.....e sem termos sempre que ter razão...
Augusto Küttner de Magalhães
De facto as privatizações não travam a escalada da dívida.
ResponderEliminarO que a travaria era um conjunto de reformas à seria, daquelas que doem, mas tem de ocorrer a bem do futuro. Daquelas que implicam o despedimento de todos os funcionários públicos que se o estado fosse eficiente e a função pública trabalhasse 8 horas não necessitaria para ter exactamente os mesmos níveis de serviço que tem hoje. Daquelas que implicavam uma real contenção com salários elevados para pessoas que simplesmente não o compensam com produtividade. Daquelas que pusessem o estado a cumprir com as suas obrigações consensuais ao invés de querer fazer tudo e não fazer nada.
Isso talvez travasse a escalada da dívida. Isso talvez devolvesse recursos à economia não estatal (aquela que não tem empregos vitalícios, 35 horas de trabalho (ou menos), avaliações piadéticas, que se acham no direito de estar protegidos contra a inflação e etc...).
Isso talvez reequilibrasse o rácio consumo/produção cuja análise fria mostra simplesmente que os portugueses NÃO PODEM GANHAR MAIS, se não ainda consomem mais e endividam mais o país.
Mas desculpem estar aqui a conspurcar este blog com soluções politicamente incorrectas, vejo que elas não têm lugar neste espaço da demagogia...
Nem toda a ideologia se foi com o vento. Muita ficou entre os militantes. No entanto o acto de governação muitas vezes veda-a, infelizmente.
ResponderEliminarDe facto, temos que de quando em quando não ser politicamente correctos, e de facto convenhamos que temos funcionários públicos a mais.
ResponderEliminarNão me cabe saber dizer se trabalham muito ou pouco, mas pode haver serviços que estejam tão mais modernizados, que não necessitem de tanta gente.
E todos nos lembramos que quem criou mais funcinários públicos, foi Cavaco Silva quando era PM, e hoje estão lá! E hoje a máquina do Estado é muito pesada!
"excepto médicos, que ainda faltam"
E talvez não seja conveniente despedir para não criar mais desemprego, mas convém, mesmo a quem acha que tudo vai bem quanto ao numero de funcionáris públicos e que deviam todos mais ganhar, pensar bem melhor no assunto....
É preciso de facto despedir funcionarios publicos, mas é preciso primeiro ter um sistema de segurança social que permita não apenas acolher estas pessoas, mas também proporcionar a sua requalificação. Se fossemos despedir sem mais nem menos todos os FPs que precisam de ser despedidos caiamos no caos social dentro de poucas semanas.
ResponderEliminar