“As deduções só são aceitáveis em serviços que o Estado não consegue prestar. E o dinheiro que se poupa na sua redução permite garantir ensino e saúde realmente gratuitos. É fácil explicar aos que usam essas deduções e que estão longe de ser ricos que elas não são justas e atrasam a criação de serviços públicos de qualidade que também são para eles? Não. Mas quem julga que ser de esquerda é defender o que é fácil engana-se.” Daniel Oliveira no Expresso a escrever o essencial sobre este assunto. Ainda através do Arrastão, tomei conhecimento de um estudo do Jornal de Negócios sobre a magnífica rendibilidade dos PPR. A lógica dos benefícios fiscais tende mesmo a ser a lógica do que Vital Moreira designou por “Estado fiscal de classe”. Um estudo do indispensável Eugénio Rosa confirma esta ideia:
“De acordo com a Comissão que estudou a sustentabilidade do SNS nomeada pelos ministros das Finanças e da Saúde do governo de Sócrates, os 10% mais ricos da população recuperam 27% das suas despesas com saúde, enquanto os 10% mais pobres recuperam apenas 6% das suas despesas com a saúde (…) Assim, quanto mais elevado é o rendimento mais poderá descontar, pois para descontar é preciso ter imposto suficiente a que se possa deduzir a despesa. Os que têm dinheiro para recorrer a clínicas e hospitais particulares de luxo são certamente os mais beneficiados porque conseguem deduzir mais, pagando assim muito menos de IRS. As injustiças são grandes e graves. Vários países da União Europeia (ex. Espanha, França, Inglaterra) não têm um sistema como o português, pois não existem deduções.”
Entretanto, no blogue a formiga de Esopo, António Cruz Mendes analisa bem as propostas da esquerda socialista para acabar com a injustiça fiscal. Não esquecer: neste, como noutros assuntos, a classe conta.
Podem visitar este post do Rerum Natura sobre a natureza das deduções fiscais,em que o autor tem uma posição contrária do João Rodrigues
ResponderEliminarhttp://dererummundi.blogspot.com/2009/09/francisco-louca-o-pregador-2.html
E já agora este é o texto inicial,também no Rerum Natura wsobre as deduções fiscais
ResponderEliminarhttp://dererummundi.blogspot.com/2009/09/francisco-louca-o-pregador.html
Por curiosidade segui os links acima indicados pelo Anónimo. Encontrei uma crítica que é um insulto à inteligência de quem a lê. Sugiro que vão todos lê-la, para verificarem in loco o desespero de quem não tem argumentos, antes optando ad nauseam pela mesma cassete (sempre se recupera algum dinheirinho...) e pelo apelo ao medo (amanhã o BE está a retirar as deduções fiscais sobre os medicamentos!... e depois, bom, depois, ficamos igual a... Cuba, claro, o inferno na Terra, o grande papão).
ResponderEliminarCaro Pedro Viana
ResponderEliminarIdeologia não é Ciência,e o que está em causa é retirar uma fonte de receita do estado(os recibos que os médicos passam aos pacientes)
A ideologia dos serviços públicos também é utópica,a maior parte dos funcionários do público não quer trabalhar!
Não sei se reparou neste fabuloso argumento de Daniel de Oliveira:"eles estão, na prática, a pagar um serviço que lhes está interdito"
ResponderEliminarComo as pessoas não devem na prática pagar serviços que lhes estão interditos espero brevemente o BE defender o fim de todo apoio a:
- Óperas,teatros, música clássica, etc
- Ensino Superior
- Consultas de ginecologia
- Etc
"Assim, quanto mais elevado é o rendimento mais poderá descontar, pois para descontar é preciso ter imposto suficiente a que se possa deduzir a despesa"
ResponderEliminarNesta lógica também será necessário:
- Acabar com as deduções referentes às habitações
- Acabar com as deduções referentes aos filhos
- Acabar com as deduções referentes aos dificientes
- Etc
Será também necessário passar o IVA para 20% em materiais como:
- Os jornais, os livros etc, etc
Mas fundamentalmente é preciso acabar com o imposto mais regressivo de todos: o Ensino Superior Público quase gratuito. Um jovem pedreiro anda a pagar impostos para o filho do patrâo tirar engenharia civil quase à borla e se tirar um curso de desenho técnico por correspondência vocês defendem que não deve deduzir nada nos impostos porque o servente de pedreiro não paga impostos.
Parabens pela vossa argumentação
O Aires da Costa claramente não percebe minimamente a razão do investimento público, seja ele directo ou indirecto (por exemplo, através de deduções fiscais). Leia devagar, para ver se percebe bem: o investimento público existe para aumentar o bem-comum. Assim que perceber isso, podemos então discutir que tipo de investimento público tem a propriedade desejada. Afirmar que porque certo investimento público não deve ser realizado (deduções fiscais para consultas médicas privadas) todo ele é inválido (porque, obviamente, qualquer que ele seja nem toda a gente vai usufruir directamente dele), é simplesmente idiota.
ResponderEliminar"As deduções só são aceitáveis em serviços que o Estado não consegue prestar. E o dinheiro que se poupa na sua redução permite garantir ensino e saúde realmente gratuitos"
ResponderEliminarPara além da ideologia, que estudos e números sustentam esta afirmação?
Estão a dizer que se 500.000 pessoas deixarem de poder deduzir despesas de saúde, por ex, e optarem por utilizar apenas o público, que saí mais barato ao estado? Presumo que esteja contabilizado o número de novos funcionários públicos, infra-estruturas, perda de receitas fiscais (dos antigos utentes do privado, de eventuais perdas e encerramentos de estabelecimentos privados e dos consequentes subsídios aos desempregados que daí resultarem, dos recibos médicos passados aos utentes do privado)?
Elucidem-me tecnicamente, sff.
Eu lembro-me que em França há uns anos a Segurança Social fazia acordos com os médicos para estes baixarem os preços das consultas!A dedução dos custos priv da saúde no IRS não é uma política muito diferente ,com a vantagem de podermos escolher o médico que mais gostamos,podermos marcar a consulta para as 19.00 de forma a não perdermos uma tarde de trabalho,etc.Parece que há uma moda em Portugal ou radicalização do discurso de certa esquerda com propostas que não fazem sentido!
ResponderEliminarè uma esquerda que ainda acredita na natureza boa do ser humano,e então vamos tornar tudo público,para a sociedade funcionar melhor!Eu vejo muita ineficiência nos serviços púiblicos,e não serei só eu a vê-la;Já não é a 1ª nem 2ª vez que qiuando vou aq um serviço público o funcionário diz"Ás x horas tenho que me ir embora!"Que brio têm essas pessdoas?E vocês ainda querem aumentar este tipo de clientelismo?