A construção da União Europeia foi um dos mais fascinantes processos pluri-nacionais contemporâneos. A transformação de um clube de poucos ricos – que, no ano fundador de 1957, ainda há pouco eram beligerantes entre si – numa realidade larga e comum, embora heterogénea, através de uma lógica de inclusão confere-lhe a condição de facto colectivo incontornável. A matriz originária proporcionou, contudo, tantos resultados quantos desafios. Conhecem-se os activos e conhecem-se os défices. O frequente predomínio dos princípios e da política da concorrência e da lógica regulatória liberal dá ao mercado um papel desequilibrador face à esfera pública e colectiva. Por isso, o regresso à centralidade dos princípios da coesão, a defesa de maior capacidade comunitária (“federal”) em matéria orçamental – para executar políticas estruturais que valham mais do que os actuais 1% do PIB da União) – deveriam certamente ter-se contado entre as grandes questões da campanha. Mas tal não aconteceu. Para uma parte da esquerda que pensa sobre a União, basta e está bem uma União com o ‘entorse’ liberal que a Agenda de Lisboa lhe trouxe. Para a outra parte, uma União com audácia e capacidade para estruturar e governar em concreto um espaço de integração activo é ainda matéria difícil de digerir.
O que parece em causa pode ser apenas saber se é ou não preciso fazer da União um actor político essencial de modos de vida e de economia que redefinam o capitalismo que a crise revelou cruamente. Quer dizer, modos de vida e de economia em que os processos regionais de integração, considerados à escala mundial, contem mais do que os processos estritamente globais.
O que parece em causa pode ser apenas saber se é ou não preciso fazer da União um actor político essencial de modos de vida e de economia que redefinam o capitalismo que a crise revelou cruamente. Quer dizer, modos de vida e de economia em que os processos regionais de integração, considerados à escala mundial, contem mais do que os processos estritamente globais.
A União Europeia ainda não passa de uma aliança ou eixo Paris-Berlin que manda e, por consenso, os outros obedecem e os ingleses estão para ver o que se passa, mas não se interessam muito pelo que se passa no continente. A sua política tradicional é que não haja uma aliança forte na Europa em que eles não mandem um pouco.
ResponderEliminarCom o Tratado de Lisboa, a UE passará a ser uma União parcial com órgãos próprios de tomada de decisões que não passem apenas pela vontade franco-germânica.
Nenhum dos candidatos portugueses ao PE defendeu o proteccionismo contra as mercadorias chinesas que "chacinam" os postos de trabalho portugueses e europeus com o seu pessoal semi-escravizado a 50 cêntimos à hora.
Claro, em compensação temos por aí T-Shirts, camisas e portáteis baratos, mas pagamos também com os subsídios de desemprego de milhões de trabalhadores.