Estamos fartos de saber que vivemos num dos países com maior desigualdade de rendimentos do mundo desenvolvido. Sabemos que somos um dos países europeus onde as pessoas menos confiam umas nas outras. A confiança na capacidade das instituições também não parece ser propriamente elevada. E se isto estiver tudo ligado? E se Portugal tiver caído numa armadilha social, ou seja, numa situação em que somos incapazes de alcançar soluções cooperativas com benefícios sociais evidentes devido à ausência de confiança? A minha crónica pode ser
lida no i.
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ResponderEliminarSe possível gostava que me esclarecesse algumas questões: Existe algum estudo que diga que a falta de confiança dos portugueses em si mesmos, nos outros e nas instituições se deve maioritariamente à desigualdade de rendimentos?
ResponderEliminarO problema não é muito mais profundo e disperso? A ausência de uma justiça reparadora, políticos que não cumprem, cidadãos que não cumprem, administração pública lenta que dificulta a vida ao cidadão e à empresa, empresas com muito pouca consciência social, falta de resultados sistemáticos(genericamente falando), negativismo social epidémico, etc.
Não creio que se resolva o problema da confiança centrando a questão dos salários, embora concordo que essa deva ser uma prioridade da política portuguesa.
Mais: acredito que o estado só é capaz de redistribuir convenientemente quando já existe uma redução nas diferenças sociais a outro nível: nomeadamente no conhecimento, nas competências e na criação de uma cultura de crítica e iniciativa. E isso leva tempo.
Mais: as políticas públicas dependem de gente que estão nos governos, na administração pública e nas empresas públicas, e todas elas fazem parte integrante da nossa cultura. Desta forma o nosso Estado também desconfia do cidadão, das empresas e de si próprio. Também não é uma entidade cooperante. Ainda é demasiado paternalista, centralizador e moralista.
E por isso, sim, concordo que vivemos numa "pescadinha de rabo na boca".
A ideia da armadilha social é muito interessante, mesmo. Mas, como o Ricardo Castro, acho que é muito restritivo fazê-la pivotar apenas sobre a questão salarial. A ideia, contudo, é sugestiva.
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