Há quem já tenha comparado a UE a «um daqueles países em vias desenvolvimento a quem o FMI costuma impor um dos seus rígidos programas de estabilização (. . .) sob a tutela de um grupo de funcionários não eleitos» (Andrea Boltho da Universidade de Oxford). O FMI confirma: «No relatório ontem publicado, o FMI critica a forma como as autoridades europeias estão a actuar perante a crise. Para o Fundo, é necessário não só aumentar e reforçar a ajuda dada pelos Estado, como fazê-lo de forma muito mais coordenada» (Sérgio Anibal). Nós avisámos, antes da crise, que a UE não estava preparada.
Isto é essencialmente uma questão de regras. De más regras. Walter Munchau, editor do Financial Times, que, segundo o i, comparou o cherne a um caniche da chanceler alemã, escreveu um artigo interessante. Apesar de reconhecer a importância das regras, Munchau afirma, em mais uma metáfora apropriada, que a UE é como um peixe que apodrece pela cabeça. Tudo começa na indisponibilidade do cherne para desafiar o que quer que seja. Regras e poderes. O bloco central europeu, que o cherne serve, tem grandes responsabilidades em todas as questões que contam na UE.
Entretanto, nem tudo pode ser atirado para a UE. Os Estados têm alguma margem de manobra e o governo português destaca-se, ainda segundo o FMI, pela sua atitude complacente face à crise: «Os programas de estímulo à economia anunciados pelo Estado português têm um menor peso no PIB do que o registado na média dos países avançados da Europa e são três vezes menores do que os aplicados na vizinha Espanha» (Sérgio Aníbal). A política do «vai trabalhar malandro» e a política do trabalho como mercadoria descartável produzem os resultados esperados: cada vez mais desempregados sem quaisquer apoios. A esquerda socialista avisou a tempo e propôs alternativas para enfrentar a crise.
Os desempregados estão cada vez mais inseguros e as exportações também. Vinte anos depois do inicio da predadora onda de privatizações, e a pedido dos empresários, o governo vai propor a compra de uma parte da COSEC, empresa de seguros à exportação. Nacionalização à vista? A crise obriga a deitar para o caixote do lixo todas as obsessões liberais. Espontaneamente, mas muito lentamente. Como que por uma mão invisível…
A re-nacionalização da COSEC é vai ser mais uma socialização de prejuízos e uma negociata para o BPI.
ResponderEliminarPorque não nacionalizar por exemplo a GALP ou a PT?
Crise?
ResponderEliminarPosta alta de cherne, uma partida de golfe com Bush, reforma dourada, grande umbigo. Uma vida preenchida a desta Família Feliz…
Não se vê o reforço da ajuda do Estado, a não ser nas injecções nos bancos e agora na COSEC. Como já aqui se disse, o governo foi apanhado desprevenido, demasiado concentrado nas PPP e nos grandes negócios.
Cada vez mais inseguros?
(O Provedor das Empresas de Trabalho Temporário bem podia dar uma ajuda…)
O Cherne faz lembrar aquele verso: "Não sei por onde vou, só sei que não vou por aí"
ResponderEliminarOnde se lê FMI, pode tambem ler-se China.
ResponderEliminarÉ claro que continuam a reger-se pelas máximas de DENG:
"Observe calmly; secure our position; cope with affairs calmly; hide our capacities and bide our time; be good at maintaining a low profile; and never claim leadership."
Eu sei que eles é que têem o dinheiro mas já começa a irritar tanta dissimulação...