Segundo o Financial Times (FT) de ontem, o Índice de Preços no Consumidor na Alemanha teve uma evolução negativa pela primeira vez em vinte anos “alimentando os receios de uma queda dos preços no conjunto da Zona Euro, o que reforçaria as pressões a que o Banco Central Europeu está sujeito ao lidar com a mais grave recessão ocorrida na Europa.”
Duas páginas adiante, o FT recorda a previsão (neste momento) de uma quebra no produto da Alemanha de 6%, em termos anuais. Quanto ao défice, referem-se apenas valores absolutos. Se juntarmos à estimativa ‘preliminar’ do défice os gastos com o pacote de estímulos à economia e os gastos com a recuperação de bancos falidos, a Alemanha poderá chegar ao fim do ano com um défice público que será o dobro (sim, o dobro!) do défice de 1996, quando assumiu os custos da reunificação.
Assim, este ano a Alemanha está a ser confrontada com os limites de um modelo de crescimento de costas voltadas para o resto da Zona Euro. Não tem mercados para onde exportar as suas máquinas e bens de consumo duradouro muito apreciados. Também não tem mercado interno. Na própria Alemanha, porque esmagou quanto pôde os salários da sua indústria para ganhar competitividade no mercado global. No conjunto da UE, porque impôs uma constituição económica neo-liberal que impede políticas macroeconómicas articuladas (comercial, monetária, orçamental) que estimulem a procura a uma escala adequada, a escala europeia. Na Zona Euro, estamos numa situação de “cada um por si”.
Como já aqui disse, a Alemanha tem a chave do próximo futuro da Zona Euro, e talvez mesmo da própria UE. Mas não parece estar a ser muito pressionada a abrir a porta ao crescimento do mercado interno, um futuro em que todos ganhariam. No entanto, com uma crise destas, quem sabe?
Excelente postal, toca na ferida.
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Podemos discordar de como mudar o sistema, mas concordo, acho magistral aquele parágrafo que começa assim:
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"Assim, este ano a Alemanha ..."
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E quem fala da Alemanha pode também falar do Japão, aliás o Japão suspeito que seja bem pior.
E já vai em 0,0 a inflação na UE...
ResponderEliminarAs nuvens negras da deflação começam a ficar densas.... a aproximarem-se.. e isto não é ficção.
Assunto em parte debatido aqui também:
ResponderEliminarhttp://www.eurotrib.com/?op=displaystory;sid=2009/5/28/71149/8167
Magnífica pirueta, Senhor Bateira! Ele há coisas! Atão, a Senhora Alemã não tem mercado interno, só pode ser devido à soberba, claro está; pq com o que ela ganha.. onde é q põe todasa as suas poupanças?
ResponderEliminarMercado financeiro claro está. Em frankfurt, em Londres, e por aí fora.. Afinal as rosas de Durão de nada valem (pois observadores atentos saberão dizer que tal gesto foi a melhor coizinha que o Barroso fez pela pátria...mas deixemos lá isso; ela agora caiu de amores pelo Putin, q a esquerda portuguesa q gosta de esticar o intelecto não gosta nada; mas o mundo é assim, uma aposta na realpolitik custa o que custa.
Mas essa dos alemães crescerem de costas para a Europa é nova; afinal a União Europeia, o Euro, o Alargamento nunca teriam sido possíveis sem o aval alemão; e os ganhos sentiram-se - lá como cá! Enquanto eles espremiam salários, nós desapertávamos os sapatos; chegados hoje temos o calçado, o q resta do textil, e o imobiliário, a metalomecânica, já m ia esquecer. A alemanhã é q podia dar aqui uma ajuda, vcs sabem, à nossa modernização. Mais, non. Vai ajudar a recontruir a ind. automóvel russa; afinal a Rússia tb é Europa.
Por cá o intelecto estica-se; mas não vai coisa nenhuma; vivem subsidiados das mil e umas maneiras pela Europa e os seus fundos para Investigação, para a Reabilitação e ... ainda para a apanha da azeitona! Os senhores, não gostam da fruta que a terra dá e por isso só dizem: queremos colher, colher eurobonds! Isso é q nos dá prazer; estimula o intelecto, a apanha da azeitona sabem como é, é preciso varar a árvore de ponta a ponta. Por falar em varadas... não figo mais nada.
Os senhores ainda não conseguiram articular, pois nem o capitalismo o consegui e os senhores são os seus primevos ideólogos, articular dizia eu, a nuanca conceptual que existe entre capacidade produtiva ou força produtiva e a sua manifestção social ue é a mediação argentícia (de argent..)! Sem resolverem isso ou constatarem a sua indeterminação mais vale irem cavar.
Olha, afinal de contas esse tb era uma preceito keynesiano. cavar buracos. e tal e coisa. em Portugal o "pensar", infelizmente, sempre trouxe mais resultados; e por cá continuamos. à espera, n sei bem de quê, eu apostava noutro Nöbel!