terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Regulamentações...
Recebi há dias, por email, o texto de um projecto de despacho de regulamentação do trabalho voluntário de professores aposentados, alegadamente da autoria do Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos. No tal projecto afirmava-se, entre outras coisas, o seguinte:
- “A Escola/Agrupamento de Escolas … estabelece com os candidato(s) o respectivo(s) programa(s) de voluntariado”;
- “a prestação do professor voluntário implica um mínimo de três (3) horas por semana” com “a duração de um ano lectivo, sendo renovável por iguais períodos de tempo”; e
- “os professores voluntários elaboram um relatório anual da actividade que deve integrar uma autoavaliação do trabalho desenvolvido.”
Confesso que tive dúvidas sobre a origem deste projecto. A coisa pareceu-me, na altura, demasiado absurda para ser verdadeira. Afinal é. A notícia vem agora publicada nos jornais (ver, por exemplo, aqui). Não deixa de ser curioso. Os arautos do livre mercado e da criatividade da sociedade civil em matéria económica e financeira, sempre prontos a atacar a regulação estatal da economia e o peso "excessivo" do Estado nas áreas sociais, são afinal os mesmos que não perdem uma oportunidade para regulamentar toda e qualquer iniciativa cidadã.
É sabido que existem já experiências (eu sei de uma escola em Coimbra) de apoio extra-lectivo a alunos, prestado de forma voluntária por professores aposentados, em áreas que não conflituam de modo nenhum com o trabalho dos professores no activo (poderão, isso sim, afectar algumas “escolas” de explicações privadas) e, que me conste, não precisaram da regulamentação do Estado para nada (bastou o bom senso e o conhecimento que a direcção da escola possuía dos seus antigos professores).
Regulação ou Regulamentação á parte...entendo que não podemos, nem devemos deixar o debate resvalar para o fraccionismo ideológico entre o "mercado livre" vs "regulação estatal da economia". As ideias de Adam Smith já têm mais de 200 anos, as ideias de Karl Marx atingiram a provecta idade dos 100 anos, as ideias de Keynes já passaram largamente os 70 anos e as da escola de Chicago e de Milton Friedman aprodeceram em menos de 40 anos.
ResponderEliminarConfio nesta nova geração de economistas, para arriscarem novas ideias e sobretudo arriscarem submete-las ao escrutínio dos "outros" cidadãos.
O meu Pai ensinou-me que não se deve pontapear o homem que já está caído no chão; os "arautos do livre mercado e da criatividade da sociedade civil em matéria económica e financeira, sempre prontos a atacar a regulação estatal da economia e o peso 'excessivo' do Estado nas áreas sociais", depois de Alan Greenspan ter ido ao congresso e ter confessado que "...whole intellectual edifice, however, collapsed...", foram ao chão! Agora é ajuda-los a levantarem-se do chão, através de propostas novas e libertas de velhos antagonismos teóricos fraccionários.
Coragem & Força!
Não estou tão convicto quem está no chão e quem está de pé... A ideologia de "mercado livre" já provou ter uma enorme força de regeneração... Devemos tentar responder a algumas questões antes de afirmar o quer que seja, se estamos dispostos a aceitar ciclos que nem sempre são tão previsíveis, se queremos proteger os mais desfavorecidos ou os queremos ignorar, o que fazemos com a liberdade dos outros... É preciso denunciar factos, talvez me ajudem a ter mais respostas. Obrigado!
ResponderEliminarPrecisamos tanto da denúncia como da proposta, ou então corremos o risco de propor no irreal...
Coragem & Força!
Não deve conhecer bem o VL nem o resto do pessoal do ME.
ResponderEliminarQuem os conhece sabe que vomitam diariamente despachos absurdos.
Este é só mais um.
Na verdade o país já não está
ResponderEliminarem saldos
está a saque
:-) Tem toda a razão. A regulamentação e a imperatividade de que a mesma se reveste é, desde logo, contrária ao voluntariado...
ResponderEliminarMesmo que haja pessoas com muito boa vontade, dádiva, desejo de colaborar e o que for quando postas perante aquelas regras devem perder tudo isso de imediato... Eu perdia!
E se em lugar das 3 horas só puderem dar 2, há sanção?!
Admito que uns telefonemas para umas IPSS ou para umas ONG pusessem um pouco mais de bom senso na coisa...
Parabéns pelo artigo!
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