No Público de hoje:
“Antes da votação, o ministro dos Assuntos Parlamentares fez ainda uma antevisão da "derrota" do CDS e a "vitória da agenda reformista do Governo". "Será a vitória dos deputados livres que não se deixaram chantagear nem intimidar, daqueles que não estão na câmara corporativa a defender interesses profissionais, mas a defender os interesses do povo português", afirmou, merecendo um forte aplauso da bancada socialista.”
Deputados livres? Ninguém é absolutamente livre.
Desde que viemos ao mundo, todos nos integramos em redes de relações e sistemas sociais que organizam a natureza, afectos, interesses e poderes, de que vitalmente dependemos e nos constituem como pessoas.
Todos nos vinculamos a ideias, valores, princípios que orientam as escolhas que fazemos, também os hábitos que adquirimos, e permitem interpretar os nossos interesses a cada momento. É tudo isto, e não é pouco, que nos devia afastar de uma concepção de liberdade como “livre arbítrio” e preferir uma outra, inspirada em Kant: “liberdade é fazer o bem, a mim próprio, aos que me estão próximos, e à minha comunidade”.
Os deputados que ontem votaram ‘contra’ são tão livres como os que votaram ‘a favor’. A diferença (relativamente aos que votaram a favor) é que os que votaram contra têm um entendimento do que é ser deputado, e interesses a defender, que são diferentes. Por exemplo: muitos entenderão que um deputado responde antes de mais perante o seu partido, e não perante os cidadãos que o elegeram; muitos entenderão que é do seu interesse manter aberta a possibilidade de um lugar de deputado na legislatura seguinte, e não que é do interesse do país repensar todo o sistema de avaliação proposto.
Confesso que me deixa surpreendido e triste que o Augusto Santos Silva, Professor Catedrático de Sociologia da Universidade do Porto, exerça desta forma o cargo político de Ministro dos Assuntos Parlamentares.
Sinais dos tempos no actual PS.
Quando este Sr Silva fala na AR e não só, tantos e tão grandes são os disparates que diz, que só nos apetece é rir.
ResponderEliminarClaro que não rimos porque, infelizmente, este sr mais não é do que uma pequena amostra daquilo em que o PS se transformou.
Santos Silva mudou muito,"sinais dos tempos", adaptou-se bem à nomenklatura do partido:uma só voz, um só pensamento.
ResponderEliminarConcordo em absoluto com o seu post
ResponderEliminarInteiramente de acordo parece o inquizidor doutros tempos.OHDAGUARDAQUEMNOSACODE.
ResponderEliminar(de como a paixão pelo socialismo moderno cegou um sociólogo…)
ResponderEliminarMais uma declaração redonda e vazia, sem qualquer adequação ao mundo real, a que os auto-proclamados socialistas modernos já nos habituaram. No (seu) reino do simulacro e da aparência, uns deputados são livres…outros serão amordaçados.
A realidade diz-nos que os coitados dos “livres” estão arregimentados ao Pensamento Único (lá se vai a moção de José Sócrates) sob risco de exclusão, enquanto a mordaça dos outros é a sua consciência…
Os partidos portugueses perderam o pudor, assumindo abertamente a ausência de convicções...
ResponderEliminarDe há muito tempo.
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