Como argumenta Robert Wade nesta carta ao Financial Times (contradizendo o “consenso” dos economistas apresentado por JMF), a protecção não é um fim em si mesmo como o “ismo” implica. Ela pode ser bem ou mal aplicada. Ela deve ser o resultado de uma concertação internacional que tenha em conta as diferentes realidades à volta do globo.
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Porque precisamos de protecção II
Uma pergunta fica, contudo, por responder. O que justifica todo este alarme dos nossos ultra-liberais? A explicação só pode estar na falência do modelo internacional de (medíocre) crescimento económico dos últimos trinta anos. Perante a urgência de se pensarem alternativas mais justas, sustentáveis e prósperas, os defensores da ordem neoliberal entraram em pânico e procuram, a todo o custo, salvar os dedos do modelo, agora que os anéis já se foram. Esforço inglório…Uma das causas estruturais da crise que atravessamos está nos formidáveis desequilíbrios externos que diferentes países, com os EUA à cabeça, foram acumulando ao longo dos últimos anos. Qualquer medida que não seja meramente paliativa no actual contexto tem reverter estas tendências. Precisaremos, pois, de mais protecção, além de um novo sistema financeiro internacional, com taxas de câmbio ajustáveis, para o conseguir. Mas quando falamos de protecção não caímos na falsa dicotomia mercado livre vs proteccionismo de JMF.
A escolha entre mercado livre versus proteccionismo não depende apenas da vontade dos estados, depende da vontade dos mercados.
ResponderEliminarA partir do momento em que as multinacionais dos referidos estados operam no mercado global, o Estado pouco pode fazer para proteger as suas empresas ou para as fazer sair dele.
Até é bom q não o faça, ficariam a perder o Estado e as multinacioniais.
Mas exceptuando efeitos laterais qual das dicotomias é preferível?
O sistema protector é conservador o sistema de livre câmbio é destruidor.
Mercados livres implicam que apenas sobrevivam os melhores e os mais bem preparados, é tecnologicamente mais eficiente e é revolucionário, quer na economia quer na sociedade.
Quem quiser uma revolução que no longo prazo melhore a vida das pessoas escolhe o livre câmbio. Proteger mercados é condenar à fome nações inteiras nos países em desenvolvimento, é proteger aristocracias operárias é proteger uma burguesia rentista e pouco empreendedora.
Fico admirado como é q economistas bem preparados e com certo espirito crítico advogam o proteccionismo.
Será esta a nova agenda da "Nova Esquerda" para o futuro?
1.A cúpula financeira reproduz a sua mitologia. Os EUA gostam de ter o domínio dos câmbios; a especulação liberalizada dos mercados cambiais até hoje não deu nunca para os contraiar, está pois ao seu serviço! Há meio ano, a desvalorização do dólar parecia ainda ser um dos meios da recuperação da crise económica. Mas a tendência inverteu-se, com muitos capitais a serem chamados a casa, onde se sentem seguros. Hoje, a protecção é dívida dos EUA.
ResponderEliminar2. Mais um corte nas txas d juro, e um "bounce back", o euro nos 1,40; mas o mito persiste. A libra tb desvaloriza, aí está o ajustamento desejável, e aproxima-se da paridade com o euro; assim se mantêm os "níveis líquidos" do mercado cambial. Tão líquidos, que qualquer dia aparecem todos liquefeitos...
3.Podíamos ter um arranjo dos câmbios mundias, mas quem estabeleceria os valores? Uma coisa sabemos, queremos deitar para o caixote do lixo da história esta estória dos "mercados financeiros eficientes"; pois já se percebeu que só são bons a arranjar empregos pra si próprios! Mas.. $ = a quantas £? € = a quantas §?
$4. Aquela ideia do Bankor é francamente fraca e justamente porque quer prolongar, porque o assume, a vigência do desiquilíbrio económico financeiramente mediado! Pôr uma Instituição Internacional a "tratar dos papéis" do débito e dos crédito em vez de um Banco Americano, Chinês ou Japonês, não faz assim tanta diferença; desfaz-se sim num peido.
4 (cont.). A simetria de trocas (no tempo; senão no espaço) que tal ideia pressupõe está ela mesma desfasada da realidade; a realidade dinâmica do capitalismo internacional é ela mesma um processo de recomposição dos hiatos entre os diversos espaços económicos e não um refazer de uma simetria arquétipa (que a ideia de assimetria tb implicitamente assume). A reversabilidade dos capitais, "agora saco eu, amanha sacas tu" está muito longe de se coadunar com a vera realidade histórica do que foi e será o crescimento económico capitalista enquanto processo do desiquilíbrio...
ResponderEliminar4 (cont.). O que precisamos é de transferências unilaterais ou combinadas de capital sujeitas a um plano; assim um pouco ao estilo dos fundos de coesão, mas que integrem uma cláusula estrita de se constituirem como consumo/investimento reprodutivos. As câmaras de comopensação (Bankor incluído) são coisa do passado; é lá que vão parar, pela aposta probabilística que são, todos os "derivados" da finança de casino!
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