«O persistente apelo do ideário democrático assenta numa promessa de justiça política pela distribuição universal da oportunidade de exercer, ou procurar exercer, poder político, entendido como poder de influência sobre o que o governo decide, ou não, fazer com os recursos públicos. Hoje, o risco que em Portugal se corre é que o crescendo de desigualdades socioeconómicas amplifique de tal forma a disparidade de voz política que a desafeição democrática substitua esse apelo.
Este facto parece escapar a muitos dos nossos analistas políticos (...) a igualdade política dos portugueses é um princípio contestado, ou até negado, pela desigual estrutura socioeconómica do nosso país (...) Se o meu rendimento mensal for de 2500 euros ou mais, é seis vezes mais provável que eu seja militante de um partido político, sete vezes mais provável que eu contacte pessoalmente um representante político ou um alto funcionário público, e oito vezes mais provável que eu faça algum tipo de actividade voluntária do que se eu ganhar menos do que o salário médio [800 euros], por sinal o mais baixo da União Europeia».
Excerto do importante artigo «Portugal, uma democracia dual» da autoria de Filipe Carreira da Silva e de Mónica Brito Vieira que saiu este mês no Le Monde diplomatique – edição portuguesa. Faz parte de uma série de artigos sobre as desigualdades em Portugal que, desde Setembro, têm vindo a ser aqui publicados. É o bloqueio mais importante da sociedade portuguesa. O Ricardo Paes Mamede, baseando-se num interessante estudo, já aqui tinha defendido que «maiores graus de democraticidade estão tipicamente associados a países mais igualitários, mais tolerantes e onde os índices de confiança e felicidade são mais elevados». Temos mesmo de criar um «multiplicador da igualdade».
Não se pode exigir a mais de um povo do que o seu nível de instrução. Tão ignorante que sou e tão sábio me pareço, a causa é a corrupção...
ResponderEliminarCaro JR, essa igualdade de poder politico, que ja existe eleitoralmente, poderá também ser acompanhada da igualdade de saldo fiscal perante o estado, ou continuarão a ser sempre os mesmos a sustentar os parasitas?
ResponderEliminarOu então enquanto essa igualdade fiscal não existir, que tal ponderar o voto eleitoral de cada indivíduo de acordo com o saldo fiscal líquido que originou para os cofres do estado? Não era uma boa maneira de responsabilizar as pessoas, de forma a não decidirem de forma irresponsável como se gasta o dinheiro dos outros?
POrtanto, o filipe melo sousa acha melhor criar multiplicadores de desigualdade. Nada de novo.
ResponderEliminarUm multiplicador de desigualdades seria um sistema em que os pobres pagariam mais impostos que os ricos. Ou seja: o operador de call center a recibos verdes paga 40.000 euros por ano de impostos, e o neto do belmiro para além de não pagar nada tem isenção de propinas.
ResponderEliminarMas, como vê, não defendo nada disso ;) Apenas a cada um aquilo que é justo
Está visto que o filipe nunca quer discutir, apenas quer ter a última palavra.
ResponderEliminarDizer coisas absurdas é uma boa estratégia. Não responderei à próxima, prometo.
Para que possa terminar o seu ano em beleza.
Lamento o seu acto falhado de me apontar um "multiplicador". Deixe estar, foi apenas uma constipaçãozinha. Boa recuperação, e bom ano ;)
ResponderEliminar2009 - COIMBRA CIDADE DO CONHECIMENTO:
ResponderEliminarhttp://www.petitiononline.com/00005/petition.html
Estou a circular pela net e vim parar a este espaço. Depois de uma leitura atenta acho um blog bem estruturado e agradável. Bom ano.
ResponderEliminarA desigualdade social em Portugal, embora indissociável enquanto causa da fraca participação democrática do país não o explica totalmente.
ResponderEliminarPortugal terá outros factores característicos em relação a outros países muito desiguais como os EUA: vem de uma reforma democrática relativamente recente, que a geração dominante viveu mas onde não cresceu; e é um país onde até muito mais recentemente (do que o centro e norte da Europa) a desigualdade social coincidia com uma desigualdade de alfabetização e acesso á educação. A Democracia sofre então de uma dupla crise de credibilidade.
Infelizmente é uma espécie de "tempestade perfeita" em causas de falta de confiança na classe política: as instituições democráticas são aberta e impunemente manipuladas por uma elite política promíscua e\ou coincidente e\ou rotativa com o poder económico; não existe uma tradição de democracia participativa orientada para o bem comum, fora dos interesses partidários e das classes profissionais; e, por fim e mais prosaicamente, existe uma misteriosa cultura da tolerância aos indivíduos que conseguem eficazmente progredir á custa de outros (escola "o mundo é dos espertos") em detrimento de quem tem vontade e capacidade para governar (escola "aquele pensa que é bom").
Gostei de ler este post que marca um tema aparentemente recorrente neste momento pré-eleitoral:
http://ruitavares.net/textos/a-desigualdade/#comments
can u leave ur phone number to me???
ResponderEliminarNot long ago, I have thought about something like that, but I did not realize you are so deep, it seems that I need to continuously strengthen the learning!
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