quinta-feira, 9 de outubro de 2008

“É preciso voltar a Keynes”



Esta foi uma das frases de José Sócrates* no debate quinzenal de ontem (acho que já a tinha lido algures). A frase mostra bem como a hegemonia neoliberal parece estar a ruir com a actual crise financeira. No entanto, se a regulação dos mercados financeiros parece finalmente ter voltado à ordem do dia, é necessário discutir o que fazer no concreto. Não basta impor uma melhor avaliação do risco das agências de notação, mudar os rácio obrigatórios de capital próprio ou aumentar a vigilância. Esta crise mostrou como, por exemplo, como graças à inovação financeira e às operações “fora dos balanços”, os bancos conseguiram contornar os limites de concessão de crédito. É necessária uma abordagem sistémica que reverta a financeirização da economia das últimas décadas. Este artigo do economista político Costas Lapavitsas aponta o caminho. Limites à actividade financeira, com a introdução de impostos que encareçam as arriscadas operações feitas “fora do balanço” dos bancos, e sobretudo o progressivo afastamento da finança privada da provisão de um conjunto de bens e serviços como a segurança social, saúde, educação e habitação são a única forma de, nas palavras de Keynes, conseguirmos a “eutanásia do rentista”.

* Apesar das boas intenções do nosso PM, baixar o IRC certamente não seria uma das medidas que o famoso economista defenderia como resposta para a actual crise.

14 comentários:

  1. Dir-se-ia que Sócrates teve tempo de decorar o nome, mas agora ainda lhe falta saber o que significa.

    Para ele, até prova em contrário, deve ser apenas o "Economista du jour".

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  2. «a hegemonia neoliberal parece estar a ruir com a actual crise financeira»

    Também "ruiu" em 1929... e não é que a sacana da hegemonia regressou.?!?!?

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  3. é verdade tarzan. mas pelo meio tivémos trinta anos de crescimento económico, aumento dos salários reais e expansão dos serviços públicos.

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  4. "Também "ruiu" em 1929... e não é que a sacana da hegemonia regressou.?!?!?"

    Para mal dos nossos pecados...

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  5. A questão que se coloca agora é: como recuperar da agonia financeira (já se viu q P. Paulson falhou), qual a melhor maneira de recuperar-mos da recessão mundial e qaundo o conseguuir-mos, que modelo inventar para começar-mos (Mundo) a crescer novamente a 4% ou até mesmo 3, mas no minimo em economia real, sustentada; E sem estes hologramas a 3D de pacotes financeiros ôcos e irreais.

    Será possivel?

    Ah é verdade, hoje a General Motors caiu 31%

    Ainda a meio do tsunami subprime vem agora a aproximar-se o furaçãoAutomóvel..

    E assim vai viajando o planeta pelo universo

    António

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  6. "At this point severe damage is done and one cannot rule out a systemic collapse and a global depression. It will take a significant change in leadership of economic policy and very radical, coordinated policy actions among all advanced and emerging market economies to avoid this economic and financial disaster. Urgent and immediate necessary actions that need to be done globally (with some variants across countries depending on the severity of the problem and the overall resources available to the sovereigns) include:

    - another rapid round of policy rate cuts of the order of at least 150 basis points on average globally;

    - a temporary blanket guarantee of all deposits while a triage between insolvent financial institutions that need to be shut down and distressed but solvent institutions that need to be partially nationalized with injections of public capital is made;

    - a rapid reduction of the debt burden of insolvent households preceded by a temporary freeze on all foreclosures;

    - massive and unlimited provision of liquidity to solvent financial institutions;

    - public provision of credit to the solvent parts of the corporate sector to avoid a short-term debt refinancing crisis for solvent but illiquid corporations and small businesses;

    - a massive direct government fiscal stimulus packages that includes public works, infrastructure spending, unemployment benefits, tax rebates to lower income households and provision of grants to strapped and crunched state and local government;

    - a rapid resolution of the banking problems via triage, public recapitalization of financial institutions and reduction of the debt burden of distressed households and borrowers;

    - an agreement between lender and creditor countries running current account surpluses and borrowing and debtor countries running current account deficits to maintain an orderly financing of deficits and a recycling of the surpluses of creditors to avoid a disorderly adjustment of such imbalances.

    At this point anything short of these radical and coordinated actions may lead to a market crash, a global systemic financial meltdown and to a global depression. The time to act is now as all the policy officials of the world are meeting this weekend in Washington at the IMF and World Bank annual meetings."

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  7. Realmente não sei qual é o problema de os privados actuarem no tal conjunto de bens e serviços, desde que os sistemas públicos existam.

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  8. Não posso resistir a lembrar-vos duma outra frase de Sócrates no debate de ontem:
    «... queremos um estado interventor mas sem iniciativa!»
    Brilhante! Não podia ser mais coerente. Um Estado que socorra os interesses capitalistas, sem iniciativa própria, ou melhor, sempre em alerta para servir o patrão (numa pequena alegoria aos escuteiros).
    É triste ver o oportunismo do PS e do governo e o seguidismo de muita Comunicação Social incapaz de denunciar o discurso demagógico e mentiroso de Sócrates.

    Ricardo

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  9. Os meus amigos desculpem este desabafo mas não posse deixar de o fazer.!
    Eu quero é que o Socrates e a restante canalhada do PS desapareça da nossa frente.!!!!!!!!!!!!
    Estou farto desta gente.!
    De tal modo que quando estou a ver TV se alguém do PS (mas também do PS(D) e do CDS)aparece mudo logo de canal.!!
    Estes fulaninhos já metem nojo com tanta hipocrisia, tanta aldrabice, tanta mentira.!!!!
    Desapareçam, Porra.!!!!

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  10. Proponho privatizar os bancos centrais e particioná-los de forma a destruir o monopólio da emissão monetária. Está provado que a acção dos bancos centrais provoca bolhas como esta que agora rebentou.

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  11. " Está provado que a acção dos bancos centrais provoca bolhas como esta que agora rebentou"

    Ou seja propoes um sistema identico ao dos USA no sec. XIX?

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  12. Durante o sec XIX nos EUA tinhas um monopolio privado com apoio estatal. Neste momento tens apenas um monopolio estatal.

    Eu defendo monopólio nenhum: que todo o banco possa emitir a sua moeda se assim o entender. As pessoas que decidam qual querem usar. Ou seja: a ausência de uma política monetária.

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  13. "que todo o banco possa emitir a sua moeda se assim o entender"

    Nada impede que seja criado uma nova "moeda" no entanto duvido que tenha algum sucesso...

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