Um excelente sítio sobre o fardo das desigualdades socioeconómicas nos EUA e sobre as melhores formas de as superar. Bem desenhado e com muita informação. Em Portugal há quem se dedique a estudar seriamente este assunto - o nosso maior constrangimento socioeconómico e um poderoso factor de corrosão dos sentimentos morais. É preciso popularizar os dados e os argumentos a favor de uma maior igualdade. Temos aqui um bom modelo. Que tal uma versão portuguesa? Porque, como ali se argumenta recorrendo a ampla evidência, a desigualdade está indissociavelmente ligada à precariedade, ao prolongamento dos horários de trabalho, à corrupção, à insegurança ou à degradação da provisão dos bens públicos. Até o Banco Mundial, sistematizando muita da investigação económica recente sobre o assunto, que já superou o mito do necessário «trade-off equidade-eficiência», reconhece a desigualdade elevada como um poderoso constrangimento ao desenvolvimento económico. Estes dois gráficos sobre a evolução dos rendimentos nos diferentes escalões de rendimento (dos 20% mais pobres aos 5% mais ricos) em dois períodos da história dos EUA (1947-1979 e 1979-2006) são, neste contexto, bastante elucidativos. Há muitos manuais de introdução à economia que precisam mesmo de uma boa revisão. Pouco provável. Como afirmou John Kenneth Galbraith: «tal como é convencionalmente ensinada, a economia é em parte um sistema de fé, cujo propósito não é tanto revelar a verdade, mas mais fortalecer a confiança dos que dela comungam nos dispositivos sociais estabelecidos».
Nota. Uma informativa recensão de Renato Carmo inaugurou, no passado mês de Agosto, uma rúbrica sobre desigualdades em Portugal no Le Monde Diplomatique -Edição Portuguesa. Todos os meses sairá um artigo sobre o tema. A acompanhar.
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