«Em mais uma acção concertada, Tesouro e Reserva Federal dos Estados Unidos tomam medidas para impedir as dolorosas liquidações necessárias à limpeza do mercado». Via blasfémias. Podemos todos imaginar a natureza da limpeza que «o mercado» faria se a Fannie Mae e a Freddi Mac, duas empresas que detêm ou garantem cerca de 5,2 biliões dólares de crédito hipotecário (40% do total), fossem à falência (dados no Público). Até Ben Bernanke, que começou o seu mandato a elogiar o dinamismo do mercado sem fim em discursos no Cato Institute, já fala em reforçar a regulação para diminuir a miopia face ao desastre que a «coerção da concorrência», em agentes dopadas a incentivos pecuniários, inevitavelmente gera. «Mais vale fracassar com as convenções do que ser bem sucedido contra elas» já dizia Keynes, que conhecia como ninguém a lógica mimética dos mercados financeiros, o jogo das expectativas em contexto de incerteza sobre o valor fundamental dos activos e as perversidades da busca de liquidez em momentos de pânico.
Nota: este é o novo livro de Larry Elliott, o excelente editor de economia do The Guardian.
Agora vem o Estado, como sempre, e obriga os cidadãos que cumprem as suas obrigações fiscais, a pagar os desacatos dos gananciosos e dos irresponsáveis.
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