quinta-feira, 15 de maio de 2008
Voluntarismo e coordenação contra um modelo falhado
A brutal quebra do crescimento económico no primeiro trimestre de 2008 obrigou o governo a rever a sua previsão para este ano: estamos reduzidos a 1,5%. Muito próximo da previsão do FMI: 1,3%. Por enquanto. Que as previsões económicas, em contexto de incerteza radical nos mercados financeiros internacionais, foram feitas para ser revistas. A crise do capitalismo financeirizado ainda não fez todos os seus estragos. No entanto, e como sublinha Helena Garrido, a diferença face ao crescimento do conjunto da zona euro no primeiro trimestre é impressionante. A divergência face à Europa reemerge. O governo anuncia uma redução residual do desemprego que provavelmente não ocorrerá. Face a este negro panorama, a preocupação imediata do «socialismo moderno» é sintomática: «resta saber qual o impacto sobre o programa de disciplina financeira e de redução do défice orçamental» (Vital Moreira). Austeridade permanente. A preocupação com a crise socioeconómica, que num país tão desigual e sobreendividado como Portugal não cessará de se agravar, fica para outros. Mais uma vez: o défice orçamental é o que menos importa nesta difícil conjuntura. Vai ser necessário aumentar o investimento público, ir à boleia de todos os países que estejam apostados em encetar medidas contra-cíclicas fortes, organizar a pressão junto do BCE para que este reduza as taxas de juro e trave a valorização do euro. Voluntarismo político e coordenação precisam-se em Portugal e na Europa.
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