sábado, 3 de maio de 2008
O fim da terceira via?
A estrondosa derrota eleitoral do novo trabalhismo nas eleições municipais assinala o esgotamento político de uma fórmula que durante mais de uma década representou a capitulação da social-democracia perante as aventuras neo-imperiais dos EUA e perante o neoliberalismo herdado de Thatcher. Com grande e perniciosa influência na trajectória global da social-democracia europeia. Pesado balanço. Não é por acaso que a direita intransigente blogoesférica, na figura de André Azevedo Alves (AAA), exibe uma grande candura em relação ao arquitecto de um projecto político «relaxado» com o aumento das desigualdades, com a especulação mais desenfreada e com a subversão dos serviços públicos por processos de engenharia mercantil. No fundo, AAA sabe bem que enquanto a «social-democracia» prosseguir nesse caminho continuaremos no plano inclinado que nos leva para as suas utopias de mercado temperadas com autoritarismo político. Como bem argumenta, Nigel Lawson do Compass («think-tank» da ala esquerda do Partido Trabalhista), agora «que o novo trabalhismo morreu» é altura de reconstruir um projecto político igualitário ambicioso. Isto é urgente que mais não seja porque a crise financeira parece sinalizar a necessidade de uma profunda mudança estrutural no modelo anglo-saxónico de capitalismo. Quando até Mervyn King, governador do Banco de Inglaterra, vem a público dizer que a explosão dos incentivos pecuniários na City de Londres tem grandes responsabilidades na actual turbulência financeira, sabemos que é altura de reformas estruturais que revertam décadas de fé no mercado e na empresa privada. Pode ser que daqui até às eleições legislativas o trabalhismo redescubra as razões do seu nome. Iniciativas como esta podem ajudar.
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