domingo, 11 de maio de 2008

Os sindicatos contam

O crooked timber é um excelente blogue de esquerda feito por académicos anglosaxónicos da área das ciências sociais. Por exemplo, é lá que podemos encontrar, numa posta sobre a Toyota, uma excelente defesa dos sindicatos, invocando argumentos de equidade e de eficiência. Citam-se estudos empíricos que suportam a ideia de que as empresas com trabalhadores sindicalizados tendem a ser mais produtivas e avançam-se razões para este padrão: (1) os salário tendem a ser mais elevados e por isso os gestores são pressionados a esforçarem-se mais para que a eficiência aumente; (2) a existência de sindicatos favorece a «voz» dos trabalhadores, reduzindo as saídas e os custos com uma excessiva rotação de pessoal; (3) as relações laborais tendem a ser mais cooperativas e os trabalhadores tendem a estar mais motivados; (4) a maior estabilidade reforça os incentivos para investimentos em formação e conhecimento em áreas relacionadas com as actividades especificas da empresa; (5) a existência de mecanismos de comunicação e uma gestão mais participada permitem que o conhecimento disperso pelos trabalhadores seja mobilizado e que a suas sugestões possam ser implementadas; (6) retomando um importante estudo empírico, concluí-se que as empresas com sindicatos importantes tendem a ter menos gestores, economizando nos custos de monitorização, e tendem a bloquear desigualdades salariais excessivas e contraproducentes.

Não é por acaso que as economias escandinavas, das mais competitivas do mundo, têm elevadíssimas taxas de sindicalização e desigualdades salariais baixas. Como se afirma neste estudo sobre «o multiplicador da igualdade» , elas têm um terço das desigualdades de rendimento dos EUA antes de impostos e gastam duas vezes mais em despesas sociais. Definitivamente, os sindicatos contam.

3 comentários:

  1. Pois contam. Mas não para que "os trabalhadores sejam mais produtivos". É para que sejam menos explorados! A "produtividade", no capitalismo, é um eufemismo para "lucro". amp

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  2. Pois é, mas os sindicatos escandinavos não são como os portugueses, meras correias de transmissão de partidos totalitários, ortodoxos e reaccionários, incapazes de aceitar uma mudança que seja, avessos ao diálogo, e que se limitam a dividir o mundo laboral entre os "bons" (os trabalhadores) e os "maus" (os patrões, como eles lhes chamam).

    Os sindicatos da CGTP estão a anos-luz de qualquer sindicato escandinavo.

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  3. Diga-se antes que os países ricos têm mais dinheiro para poder desperdiçar em concertação social. A esquerda gosta muito de reverter causa e efeito.

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