domingo, 2 de março de 2008
Repressão financeira
A defesa da livre circulação internacional de capitais assenta normalmente na premissa de que o capital, na sua desenfreada busca de valorização, se irá deslocar para onde é mais necessário. A liberalização dos seus movimentos permitiria assim uma afectação mais eficiente dos recursos, resultando numa economia mundial mais próspera e eficiente. Todavia, a avaliação do exponencial aumento dos fluxos de capitais das últimas décadas dificilmente pode ser essa. É, por isso, notável que o Financial Times tenha abrigado nas suas páginas uma discussão sobre a necessidade da redução destes fluxos, iniciada por um artigo do recorrente Dani Rodrik e Arvind Subramaniam. Para estes autores a actual volatilidade impõe formas de intervenção pública que reduzam o desproporcionado volume das transacções financeiras. Face à impossibilidade de uma regulação eficaz dos riscos assumidos pelos agentes financeiros, só uma redução da liquidez internacional pode estabilizar a economia internacional. Duas propostas são avançadas no sentido da redução dos crescentes desequilíbrios das balanças de pagamentos das grandes economias mundiais: um imposto sobre o petróleo que reduzisse a procura e, consequentemente, os brutais superávites das balanças de pagamentos dos países exportadores; uma maior articulação internacional na revisão dos valores cambiais de um conjunto de moedas claramente subvalorizadas do Sudoeste Asiático. Estas medidas, aliadas a maiores controlos domésticos sobre os fluxos de capitais, eliminariam assim as principais fontes da actual instabilidade.
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