É, no entanto, a separação entre o financiamento e a provisão, promovida pela maioria dos estados europeus, que permite hoje os mais radicais passos privatizadores dos cuidados de saúde. Através da introdução de mecanismos concorrenciais, existe uma autêntica revolução na forma como a provisão está hoje organizada. Os mercados internos, a empresarialização e privatização da gestão dos hospitais ou as parcerias público-privado são alguns exemplos. O grande objectivo passou a ser a redução de custos. No entanto, estas mudanças conduzem-nos a um sistema progressivamente ineficiente. A afectação de recursos passa a ser movida pela lógica do lucro e não pela provisão dos cuidados de saúde per se. O resultado é um sistema onde se gasta cada vez mais para fazer cada vez pior (à imagem dos EUA), minado por elevados custos de transacção e problemas de assimetria de informação.
A privatização da saúde em curso apresenta-se assim como um excelente exemplo do projecto neoliberal, aqui muito bem definido pelo João como «reengenharia do Estado por forma a torná-lo, e aos recursos que controla, num vasto mecanismo de promoção dos interesses dos grupos económicos capitalistas».
Adenda: Importa lembrar que o envelhecimento da população e os desenvolvimentos da medicina são importantes causas, não referidas acima, do aumento dos gastos de saúde.
Se a memória não me falha a % do GDP (público + privado) dos EUA andava por volta dos 17%. Se a memória não me falha, as seguradoras levam mais de 25% de overheads.
ResponderEliminarSerá que não está aqui uma dica sobre a eficiência da saúde na esfera privada?
"Em Portugal, os gastos orçamentais, em percentagem do PIB, quase que duplicaram entre 1980 e 2005 (de 3,4% para 7,4%)."
ResponderEliminarHum...