quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
O BCE é um problema da Europa
«No Parlamento Europeu o presidente do BCE apontou para tempos de riscos de inflação e, obviamente, taxas de juro elevadas. Jean Claude Trichet parece acreditar que a inflação vai subir. Continuo sem perceber bem o mecanismo» (Helena Garrido). Não há mecanismo, só uma obsessão. A economia europeia dá sinais de desaceleração, o euro aprecia-se e estiola a competitividade da indústria europeia e o desemprego permanece elevado. Coisas menores. Pelo menos parece que a estabilidade do sistema financeiro, corroída pelas dinâmicas concorrenciais engendradas por processos de liberalização irresponsáveis, é agora uma prioridade. Pena é que o BCE não pareça retirar ilações sobre a arquitectura institucional que dá origem a esta desestabilizadora alternância de períodos de euforia e de pânico (aqui vale a pena ler o euromemorandum de 2007). De qualquer forma, a marca genética liberal do BCE bloqueia soluções que reintroduzam algum controlo sobre os desmandos da finança de mercado. Os eurodeputados, por sua vez, limitam-se a ouvir as palavras de Trichet e parece que também podem fazer perguntas. A falta de controlo e escrutínio democrático do BCE, aliada a um mandato absurdo, estão a custar demasiado caro à Europa.
O que será criticável será o estatuto do BCE. Por agora, faz o que lhe está determinado.
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