sábado, 1 de dezembro de 2007
Encontros e desencontros III
Quem lê este blogue não ficará surpreendido por eu concordar (como não?) com a radiografia da situação e até com algumas das causas identificadas por Carvalhas para o belo buraco em que se encontra a economia portuguesa. O problema é que as soluções defendidas pelo PCP, para além de serem muito vagas e genéricas, colocam um peso excessivo na dimensão nacional da alternativa política. A intervenção da eurodeputada Ilda Figueiredo no encontro do PCP confirma isto mesmo: não há uma única pista para a possibilidade de construir políticas à escala europeia. Ora é por aqui que tem de passar muita da discussão e da luta da esquerda hoje em dia: da harmonização fiscal à substituição do PEC, do reforço do orçamento comunitário à convergência dos direitos sociais, da defesa dos serviços públicos ao pleno-emprego. Isto parece passar ao lado do PCP que prefere apostar num recuo nacionalista que, no actual contexto, só nos conduziria a becos sem saída (recuo expresso na «inserção da tese do combate pelo fim da União Económica e Monetária», o que se não me engano é uma novidade e teria merecido destaque se alguém se tivesse dado ao trabalho de cobrir o encontro para os jornais). Não é que as coisas sejam mais fáceis por outros lados, mas a questão é sempre, como em tempos de maior sofisticação política se reconhecia, a da correcta articulação dos múltiplos planos de intervenção por forma a permitir que os avanços ou recuos numa escala de intervenção ajudem ou não comprometam as lutas noutras.
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