«As políticas de combate ao abandono escolar não estão a funcionar. Em 2006, Portugal não só não conseguiu reduzir essa estatística negra do sistema de ensino, como assistiu mesmo ao seu agravamento: a percentagem de jovens que saíram precocemente da escola e cujo nível de estudos não ultrapassa o 9º ano de escolaridade subiu de 38,6%, em 2005, para 39,2%».
Mais um dado que reforça a ideia de que existe uma fractura social profunda. O problema é antigo e reflecte um país desigual e com taxas de pobreza elevadas. A crise económica prolongada apenas reforça esta situação. Muitos são assim expostos a «escolhas trágicas» evitáveis. Por isso é urgente, entre outras medidas, o reforço da acção social escolar, não só no secundário, tal como foi prometido pelo governo, mas em todos os níveis de ensino.
Não me venham dizer que a culpa disto é da acção social. A culpa é da burrice das pessoas, que preferem começar a trabalhar e a ganhar dinheiro, em vez continuar a estudar e a dar cabo da cabeça (onde, mesmo que tenham acção social, nunca ganham tanto como se estivessem a trabalhar). Não quer dizer que não haja excepções, mas parece-me que isto se aplica à maioria dos casos.
ResponderEliminarSó falta pedir ao estado para pagar às pessoas para estudar! E já vi colegas meus a pedir isso!
O abandono escolar é uma tragédia, mas pior é o papel da escola. Esta é definida como uma prisão, um depósito, uma forma de evitar a "delinquência". Ai parte dos adolescentes acumulam chumbos de uma escola que cada vez menos é a deles.
ResponderEliminarAbraço
Por exemplo, a nível do ensino superior está mais que estudado e provado que a situação económica dos estudantes é factor de exculsão. O governo sabendo disto, o que prefere fazer? Aumentar as propinas, reduzir o financiamento das Universidades e da Accção Social, e finalmente apresentar-nos uma medida com muita pompa e circunstância que é pôr a Banca a financiar os estudantes através de empréstimos, mas o lado bom é que os spreads vão ser minímos (ironia). Ainda estou para saber no meio disto tudo, onde estão as medidas positivas para capacitar os jovens portugueses de uma boa formação?
ResponderEliminarJá alguém procurou saber que milagrosas medidas são essas, com que os governos têm tentado combater o abandono escolar? No período da escolaridade obrigatória, existem os CEF, os PIEF e os Percursos Curriculares Alternativos. Em qualquer dos casos, não são escolhas livremente feitas por um determinado percurso de ensino, mas antes respostas que as escolas organizam (ou não) para jovens em risco de abandono. Isto quer dizer que, se um jovem abandonar a escola em Janeiro e quiser optar por uma formação, digamos, mais prática, muito provavelmente só lhe vão oferecer resposta... no ano seguinte. Nessa altura, das três uma: ou tem uma família que o obriga a regressar à escola; ou já arranjou emprego; ou a pouca vontade que tinha em estudar, agravou-se. Os números mostram que as duas últimas hipóteses são as mais frequentes. Sendo assim, que fazer? Manda-se a polícia lá casa, todos os dias, para garantir que ele vai mesmo? Por incrível que pareça, já houve um ministro que defendeu isto...
ResponderEliminarÉ, hoje, pacífico o reconhecimento de que a via única no Ensino Básico não faz qualquer sentido. A população que as escolas serevem é demasiadamente heterogénea para poder ser integrada com uma via única. Isto, nada tem que ver com ensino de primeira e de segunda (isso é o que existe hoje), nem com a exclusão da possibilidade de prosseguir estudos. Tem apenas que ver com o reconhecimento de que as condições dos jovens, à partida, não são iguais.
Ver aqui (http://www.drel.min-edu.pt/upload/docs/Despacho%20ASE%20-%20GUI%C3%83O%20-%202007-07-20.pdf)o sistema de apoio social promovido pelo ME.
ResponderEliminarTirem as vossas conclusões.
Um cartoon que não deixa de estar em parte ralacionado com isso: Manuais escolares devoram orçamento familiar
ResponderEliminarisso era se tivéssemos um estado socialista... preocupado com o social...
ResponderEliminarQWue não é o que temos!
É importante que as pessoas de menos recursos percebam com clareza que estudar é de facto uma alternativa melhor do que ser integrado precocemente no mercado de trabalho.
ResponderEliminarTal como as coisas estão, não é claro para muitas pessoas (pais e jovens) que seja assim. Não é apenas importante o custo directo de estudar (que me parece que é o que basicamente tem sido aqui discutido) mas também as possibilidades que um tal percurso (não) abre relativamente a opções de "retorno" mais imediato. Ou dito de outra forma, não interessa (tanto) quanto custa o percurso escolar; é mais importante o que esse percurso garante em termos de qualificações e de valor acrescentado no mercado de trabalho...
Nota: desculpem limitar-me a considerações (e vocabulário) de cariz economicista; evidentemente que haverá outras motivações e outros factores em jogo, mas quis apenas chamar a atenção para um aspecto da vossa discussão que me parece que foi injustamente menorizado.
No que diz respeito ao retorno à escola, o estado não dá qualquer beneficio ou incentivo. tenho 25 anos e após ter deixado a escola e iniciado a vida activa, reentrei para a universidade, e espanto dos espantos, vivendo na casa dos meus pais, e sendo eles a pagar os meus estudos, visto ter 25 anos eles não podem incluir as despesas da minha educação no IRS deles. parece-me que há uma grande falha neste programa do governo...
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