segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Como resolver a crise?

«Governo Socialista vai investir 93 milhões de euros para modernizar as polícias, uma subida de 46% face a 2007». Este parece ser o sector prioritário em termos de aumento do investimento público. Num contexto de crise social grave e na mais desigual e injusta sociedade europeia, um governo socialista prefere reforçar o aparelho repressivo. Será que o nosso incipiente «Estado social» vai passar a ser cada vez mais um robusto «Estado penal»?

9 comentários:

  1. Bom, apenas se segue a política de todos os países europeus. Na Espanha, no seu momento, também houve umha suba escandalosa. Mas acho difícil considerar de esquerdas esse governo socialista de Portugal, como também o da Espanha e o da Galiza. Saudações e parabéns polo bom juízo.

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  2. Concordo. Bastava pôr a polícia existente a trabalhar. A sua visão, no entanto parece, mais uma vez, maniqueista: Polícia = repressão. Além que não é muito coerente com quem gaba tanto o Estado e o condicionamento de toda a actividade económica. Como é que acha que o Estado impõe regras? Pede "com licença"?

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  3. Claro que é coerente: o enfraquecimento dos mecanismos de regulação estatal da economia e de redistribuição tem como contrapartida um reforço do aparelho de repressão (expressão que não tem nenhuma conotação maniqueista) para manter a ordem social (veja os EUA). É o outro lado, o sombrio, do liberalismo e da sua defesa do Estado como guarda nocturno. E a questão é sempre que regras é que são impostas?

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  4. Volto a repetir a pergunta: como é que acha que o Estado pode implementar «mecanismos de regulação estatal da economia e de redistribuição» sem autoridade o que implica necessariamente a criação de mecanismos repressivos? Pede "com licença"? Milícias populares? Cobrador do fraque?
    Eu não acho que polícia=repressão , e acho que essa visão é muito maniqueísta e simplória. Em algumas circunstâncias terá de ser (justa ou injustamente) repressiva porque sem repressão (ou a ameaça dela) não haverá ordem e nenhuma sociedade consegue funcionar sem um mínimo de ordem: socialista ou liberal. Daí a defender o primado da repressão, vai uma grande distância.

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  5. A regulação faz-se com fiscais, nãs se faz com polícias. E a tendência para desinvestir no social "exige" um investimento paralelo no policial. Não é segredo nenhum e está mais do que documentada a transformação, nos EUA e agora na UE, do estado-providência em estado-penitência, para utilizar a excelente terminologia de Loic Wacquant.

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  6. A questão Tarzan não está na existência ou não de mecanismos directamente repressivos: a questão está no seu peso. O que digo é que sempre que as regras que estruturam a economia mudam na direcção pretendida pelos liberais tendem a reforçar-se os mecanismos de repressão que recaem sobre as «classes perigosas». Estamos longe da harmonia espontânea dos interesses.

    As regras impostas pelo estado democrático são inevitáveis para a vida em sociedade. A questão que nos divide é a de saber quais são essas regras e que grupos sociais são por elas beneficiados. E isto também se aplica à esfera da economia.

    Tenho a impressão de que os liberais têm a ideia de que o «mercado» e a «propriedade privada» são uma espécie de organização por defeito, natural, da vida económica que emerge de propensões inatas dos individuos. E que só depois é que vem o malvado do Estado impedir, dificultr ou reprimir as «transacções voluntárias» (por definição). Isto é obviamente do domínio da fantasia.

    O paradoxo liberal é este: como uma ideologia que é formalmente contra o «intervencionismo estatal» ajuda a criar dinâmicas socioeconómicas e políticas que reforçam a sua face mais repressiva...

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  7. Tem razão jms. Loic Wacquant é uma das fontes de inspiração. Leia-se as prisões da miséria.

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  8. João Rodrigues, pela segunda vez, não respondeu à minha questão.

    «Tenho a impressão de que os liberais têm a ideia de que o «mercado» e a «propriedade privada» são uma espécie de organização por defeito, natural, da vida económica que emerge de propensões inatas dos individuos. E que só depois é que vem o malvado do Estado impedir, dificultr ou reprimir as «transacções voluntárias» (por definição). Isto é obviamente do domínio da fantasia.»

    Acertou com alguma precisão na "minha definição" de liberalismo. Se para si é tão óbvio que é do domínio da fantasia, então não vale a pena continuar a debater. O diálogo morre aqui.


    jms,
    «A regulação faz-se com fiscais, nãs se faz com polícias.»
    Chame-lhe o que quiser. No final vai tudo dar ao mesmo. Sad but True.

    «Tenho a impressão de que os liberais têm a ideia de que o «mercado» e a «propriedade privada» são uma espécie de organização por defeito, natural, da vida económica que emerge de propensões inatas dos individuos. E que só depois é que vem o malvado do Estado impedir, dificultr ou reprimir as «transacções voluntárias» (por definição). Isto é obviamente do domínio da fantasia.»

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  9. Em vez de defender o direito à segurança e ao seu património é portanto preferível que o estado gaste dinheiro colectado aos contribuintes para repor a "igualdade de resultados", premiando assim quem origina o crime.

    Devo entender que a linha editorial deste blog concorda com o facto de existir uma chantagem social? E em caso afirmativo, concorda que se ceda à mesma...

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