A primeira página da edição de hoje do Diário Económico afirma em letras gordas «17% do PIB fragilizado por guerras de poder». A chamada de capa refere-se a um artigo que fala sobre as crises no BCP e na PT/PTM. O jornalista faz as contas e chega à conclusão que a capitalização em bolsa destas empresas representa 26,8 mil milhões de euros, o que corresponde aos tais 17% do PIB português no ano passado.
Acontece que a capitalização bolsista (uma variável de riqueza, distorcida pela especulação bolsista) nada tem a ver com o PIB (uma variável que reflecte a criação de valor pelo conjunto da economia portuguesa ao longo de um ano). Todo o sector financeiro (em que opera o BCP) em conjunto com todo o sector das telecomunicações (onde actuam PT e a PTM), em conjunto, terão um peso no PIB próximo dos 10%. Mesmo sendo empresas líder nos seus sectores, dificilmente o BCP e a PT/PTM representarão mais do que uma pequena parcela deste valor.
Mais uma vez, na ânsia de vender jornais, o DE incorre em mau jornalismo, insistindo em querer transformar as telenovelas que afectam estas empresas na realidade económica do nosso país. E isto vindo de quem quer afirmar-se como o Financial Times português.
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