Três notas sobre a actualidade política deste último mês:
1. O acordo entre a candidatura de Sá Fernandes e o P.S. para a Câmara de Lisboa foi, sem dúvida, a melhor notícia deste mês. O Plano Verde vai ser uma realidade e a quota para a habitação a custos controlados promete inverter o esvaziamento da cidade. Do ponto vista partidário, é notável a coragem e inteligência do Bloco em avançar sozinho - sem Roseta e PCP - para este acordo.
O invocado argumento da menor eficácia da oposição a este governo não faz sentido. É um atestado de burrice aos eleitores, que não conseguiriam separar a gestão municipal do Governo da República. Os anos de coligação de esquerda na capital já mostraram o contrário.
Entretanto, graças a uma proposta de Sá Fernandes, um modelo (ainda que tímido) de orçamento participativo foi já aprovado esta semana. Muito bem!
2. O mesmo já não se pode dizer da forma como a esquerda (BE e PCP) se calou no caso da demissão de Dalila Rodrigues do MNAA. A incapacidade de reacção a um caso de inexplicável prepotência é incompreensível. A defesa dos serviços públicos passa inelutavelmente pela defesa do que, como bem assinalou o João, são os «servidores públicos dedicados e competentes». A direita, pelo contrário, soube apropriar-se do caso, chegando a afirmações cuja validade é, no mínimo, desconhecida.
3. Finalmente, o caso mais divertido deste Verão. A destruição de todo um imenso hectare de milheiral transgénico no Algarve. Dois pontos prévios:
● Não tenho a mínima simpatia por atitudes que recusam à partida a manipulação genética de organismos vivos. A história da agricultura confunde-se, desde o Neolítico, com a manipulação genética (são muito raras as espécies vegetais de que nos alimentamos que não foram geneticamente alteradas da sua forma selvagem). Dito isto, não me parece que o actual modelo de desenvolvimento destes organismos seja desejável. Os riscos para a saúde pública e para o meio ambiente estão longe de estar estudados e o poder que multinacionais, como a Monsanto, detêm nestes processos é inaceitável. É todo um novo paradigma para agricultura, onde as multinacionais ditam as regras e «confiscam» todos os ganhos, que se vai lentamente impondo.
● A acção da «Verde Eufémia» estava condenada ao fracasso, quer devido ao alvo, quer devido ao método. Daniel Oliveira, explica neste post, melhor do que ninguém, porquê.
Agora, o que só o Sol de Agosto pode explicar, é a transformação da paisagem mediática portuguesa num enorme Insurgente. Os jovens do Verde Eufémia são qualificados como terroristas!? Al-Qaeda e Verde Eufémia, separados nos objectivos, juntos no método? Não, diz Pacheco Pereira, a comparação a fazer é com os jovens assassinos nazis!! Isto chega ao ponto de termos um ministro a qualificar o acto, depois de insistentemente instado por Mário Crespo, como «eco-terrorismo soft». Terrorismo fofinho? Terrorismo levezinho?
Nota: Francisco, ou eu estou mouco, ou não ouvi nada na entrevista do Mário Crespo ao Louçã sobre a origem bloquista dos e-mails «odiosos» recebidos pelo primeiro.
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