O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) não é, por definição, um maná para uma economia nacional. Como Ha Joon-Chang mostra neste notável livro, abundam os exemplos em que o IDE não é mais do que a apropriação de valiosos activos por parte de empresas estrangeiras. Muitas vezes com consequências trágicas. O autor dá o exemplo da Iberia. Beneficiando dos processos de privatização das companhias aéreas dos países da América Latina, esta empresa trocou a sua frota pelos melhores aviões das companhias adquiridas. Estas ficaram, por isso, condenadas a uma morte lenta.
Um olhar céptico sobre a anunciada aquisição da portuguesa Chipidea pela MIPS Technology não tem, por isso, nada de nacionalista. Embora, haja promessas de futuro investimento em território nacional, esta aquisição pode ser (só conheço o que li nos jornais) uma mera transferência de tecnologia desenvolvida no nosso país.
De resto, não percebo porque é que estamos condenados a este tipo de negócio devido ao défice externo. Atribuiria mais as culpas a uma burguesia rentista, que prefere investir em mega centros comerciais, e a um governo incapaz de uma política industrial activa. Na Finlândia, exemplo a seguir segundo o nosso primeiro, até ao início da década de noventa, o investimento directo estrangeiro foi sempre fortemente limitado.
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