A economia solidária vem assim tornar de novo visíveis questões que os neoliberais gostariam de eliminar da agenda académica e política: os direitos de propriedade e a democracia nos locais de trabalho, a autonomia individual e a subordinação implícita nas relações de poder em contexto capitalista, as motivações individuais e a «corrosão do carácter» estimulada pelo mercado capitalista, os resultados catastróficos do neoliberalismo e a resistência organizada das classes populares, ou, ousadia das ousadias, a possibilidade de uma economia socialista plural e as virtudes da tradição cooperativa e associativista depois do fracasso do socialismo de planeamento central.
A economia solidária é hoje a expressão teórica e prática dos esforços, muitas vezes bem sucedidos, outras vezes nem tanto, empreendidos pelas classes populares para, em contextos de crise económica e de exclusão social profundas, organizarem cooperativas, associações locais, empresas democráticas. Indaga das condições que podem viabilizar a acção colectiva auto-organizada na produção, na distribuição e no consumo. Acção necessariamente frágil e precária porque muitas vezes ilha de cooperação num oceano de concorrência e de comando. Acção frágil também pelo conhecido problema da discriminação sistemática no acesso ao crédito. Acção que economistas como Singer ajudam a nutrir.
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